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Penélope Nova volta a ser conselheira sexual e amorosa com o ‘P & Ponto’

Por João Paulo Carvalho

Penélope Nova, de 44 anos, abre o portão de sua casa, na zona oeste de São Paulo, com o mesmo carisma e desenvoltura dos tempos de televisão. “Vou prender a cachorrada toda, espera aí só um minuto, meu querido”, diz ela, em uma ensolarada manhã de outono. Depois de se divorciar e quebrar financeiramente há alguns anos, a apresentadora de TV se viu numa encruzilhada até conseguir um lugar para viver com seus quatro animais. Após muitos impasses, foi num quartinho de hotel para cachorros na região do Pacaembu que Penélope deu a volta por cima. “Reformei tudo isso aqui por conta própria”, conta ela à reportagem do Estado. “Não tinha nada. Eu mesma quebrei as paredes e pintei. Deu um trabalho danado, mas hoje eu sou uma pessoa extremamente feliz com as coisas que tenho. A gente não precisa de muito para ser feliz”, diz.

Depois de 10 anos longe da televisão, quando brilhou no comando do saudoso Ponto P, da MTV, Penélope Nova volta à ativa como conselheira sexual e amorosa. Desta vez, entretanto, ela está à frente do P & Ponto, seu novo canal no YouTube (youtube com/pponto). A essência do programa é a mesma dos tempos áureos na TV aberta. Toda terça-feira, às 22h, Penélope Nova conversa ao vivo com os internautas para sanar as dúvidas sobre amor, sexo, comportamento e “sabe-se lá Deus o que vier pela frente”. “O programa acabou em 2008, mas sempre me paravam na rua para falar o quanto sentiam falta do Ponto P. Era surpreendente, mesmo com o passar do tempo, o quanto o programa ficou na memória das pessoas. Foi um período muito prazeroso para mim, a hora mais feliz da minha semana. Meu trabalho era ser eu mesma. Sentia saudade de tudo aquilo”, afirma Penélope.

Além do programa ao vivo às terças-feiras, o canal também traz conteúdos exclusivos às quintas e aos sábados: entrevistas com anônimos e famosos, além de reportagens sobre comportamento. No P & Ponto, o público também pode enviar qualquer tipo de pergunta sobre a vida pessoal e profissional da apresentadora. “Sexo é algo muito íntimo. A gente fala muito sobre ele e tenta abordar a coisa com naturalidade. Há, no entanto, um limite tênue entre falar com naturalidade e banalizar. Você, numa certa idade, fala sobre sexo, porque precisa se autoafirmar. Sexo é poder”, complementa Penélope.

De 2004 a 2007, o Ponto P foi sucesso de audiência na extinta MTV. No comando do programa por 4 anos, Penélope se viu diante de situações difíceis. A mais complexa delas aconteceu em 2005, quando uma jovem de 16 anos, então grávida, ligou para o programa dizendo que não queria ter o bebê. “Por questões jurídicas e por ser apresentadora de um programa de televisão, eu não podia dizer que ela deveria abortar. Eu sabia da minha responsabilidade, sabia que minha opinião era criminosa. Eu sou favorável ao aborto, mas não podia dizer isso ao vivo, até porque a garota era menor de idade. Ela não queria ter o filho. Ela só precisava de alguém que dissesse isso a ela. Eu falei que a entendia, mas garanti que era uma decisão única e exclusivamente dela. Eu não defendi abertamente o aborto, porque eu não podia fazer aquilo. Fui embora chateada. Fiquei pensando em pegar o telefone com a produção e ligar para a menina, mas não fiz isso”, lembra Penélope.

Formada em Educação Física, a personal trainer Penélope, que agora é obcecada por alimentação correta e saudável, começa na metade do ano sua especialização em sexualidade. Para ela, sexo sempre será um tabu em uma sociedade que avançou, mas que permanece conservadora em muitos aspectos. “Eu falo sobre sexo como todo mundo fala entre amigos. Sexo vai ser sempre um tabu na nossa sociedade. Não mudou muito dos tempos de Ponto P para cá. A gente vive o declínio do casamento, por exemplo. O casamento é uma instituição falida. Claro que as pessoas desejam se relacionar com uma única pessoa, porque isso faz parte do anseio da humanidade. Mas o formato como ele foi estabelecido na sociedade já foi colocado em xeque há muito tempo. A gente reflete pouco sobre nós mesmos. Nos preocupamos mais com aparecer do que em ser. Ser dá trabalho e as pessoas hoje não querem ter trabalho. O desejo da conformidade é bocó”, reflete Penélope.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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