Enquanto o Planalto diz que a crise dos caminhoneiros pode unir o Congresso Nacional, parlamentares ouvidos pelo UOL nesta terça-feira (29) decretaram o fim simbólico do governo do presidente Michel Temer (MDB).
Pela manhã, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), responsável pela articulação política do Planalto, disse que a crise pode, ao invés de separar, unir governo, base aliada e até oposição para resolver o atual impasse causado pela paralisação de parte dos caminhoneiros.
“No lugar de separar, pode até unir. Unir forças políticas em torno de algumas propostas que nós sabemos que são necessárias. [Ontem] senti esse espírito”, declarou.
Marun preferiu não estimar o impacto da crise na base aliada e defendeu que o governo é “vitorioso” no relacionamento com o Parlamento. Parte das dificuldades vividas pelo Planalto no Congresso neste ano, justificou, advém de interesses políticos para a eleição de outubro deste ano.
À reportagem, deputados e senadores falaram que o Planalto não será mais capaz de defender seus interesses no Congresso tanto pela ampla impopularidade do presidente quanto pelo fim do capital político sustentado na economia, que a greve dos caminhoneiros atingiu.
Para o senador Agripino Maia (DEM-RN), este é um governo frágil, “que perdeu as condições de fazer as reformas e vai cumprir o tempo até o final”.
Sobre a possibilidade de Temer não terminar seu mandato, seja por meio de afastamento após uma eventual terceira denúncia da PGR ou por pressão popular, agravada pela crise dos caminhoneiros, o parlamentar optou pela diplomacia. “É uma crise de tal forma grave que quem se aventurar a botar a última gota d’água no copo já cheio, vai estar jogando contra o país”, declarou.
Líder da bancada do PSB na Câmara, que faz oposição ao Planalto, o deputado Júlio Delgado (MG) é categórico em sua avaliação: “o governo do Temer acabou, perdeu legitimidade, credibilidade e acima de tudo respeito por parte da sociedade”.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (MDB-MG), afirmou que os parlamentares estão assustados com a falta de informação e comunicação por parte do Planalto perante o Congresso. Segundo ele, o governo “vem mal há muito tempo, mas agora não deverá mais conseguir aprovar matérias de seu interesse na Câmara”.