O juiz Heber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto, concedeu liminar em ação impetrada por representantes dos mais de 200 postos da cidade e garantiu o abastecimento dos revendedores. Ele cita os combustíveis vindos da refinaria de Paulínia, na região de Campinas, onde ainda há manifestações. Nesta segunda-feira, 28 de maio, houve correria, discussão e filas de dobrar quarteirão na cidade.
Os motoristas formaram filas nos poucos postos que ainda vendiam etanol e gasolina. Os comerciantes limitaram a venda a R$ 100 para quem abastece com álcool e a R$ 50 para quem depende do derivado de petróleo. Havia filas para motociclistas e até para quem estava sem carro, mas com galões. Quando a notícia de quem havia um caminhão-tanque entregando os produtos, os condutores seguiam para o local, mas houve confusão.
Muita gente que aguardava na fila ficou irritada quando era informada sobre o fim do estoque. Os preços também estavam bem acima do que o praticado em dias normais. O litro do etanol era vendido a R$ 3,30 e o da gasolina, a R$ 4,90. Segundo a última pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada em 108 cidades paulistas entre 20 e 26 de maio, os preços médios em Ribeirão Preto são de R$ 4,267 para a gasolina, R$ 2,564 para o etanol, R$ 3,718 para o diesel e R$ 79,24 para o botijão de 13 quilos do gás de cozinha.
As filas por combustível no oitavo dia de paralisação dos caminhoneiros acabaram em tumulto. As confusões aconteceram nos Campos Elíseos, na Zona Norte, e na Vila Abranches, na Zona Leste. A Polícia Militar ajudou a conter os envolvidos. Ninguém ficou ferido. Os motoristas têm ficado na espera mesmo sem produto à venda nas bombas. Poucos estabelecimentos têm etanol e limitaram a venda.
Em um posto da avenida Capitão Salomão, nos Campos Elíseos, o tumulto aconteceu depois que motoristas, há horas na fila para abastecer, foram informados que o etanol havia acabado. Em um posto da Vila Abranches o que irritou os clientes foi a preferência dada pelo posto, segundo eles, a carros particulares de funcionários públicos e profissionais autônomos como médicos.
Em nota, o presidente da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Ribeirão Preto), Domingos Assad Stocco, emitiu nota de repúdio contra “os eventuais abusos cometidos com enfrentamento à cidadania e que atingem sociedade como um todo, com eventual prática de comportamento e de preços abusivos e desleais. O momento é de união e não de eventual exploração. A sociedade, já punida por uma excessiva carga tributária, não pode pagar mais esse alto preço.”
Na noite de ontem, manifestantes ainda impediam a entrada e a saída de caminhões-tanque do terminal de petróleo situado no quilômetro 326 da Rodovia Alexandre Balbo (SP- 328), no Anel Viário Norte. O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Combustíveis, Waldemar de Bortlooli Júnior, disse que a situação pode ser normalizada em até três dias se os pontos de distribuição forem liberados.
A Petrobras anunciou que, com o reajuste que entrará em vigor nesta terça-feira (29), o preço médio do litro da gasolina sem tributo nas refinarias será de R$ 1,9526, com queda de 2,84% em relação à média atual de R$ 2,0096. Já o preço médio nacional do litro do diesel permanece em R$ 2,1016. Para tentar pôr fim à greve, o presidente Michel Temer cedeu e reduziu em R$ 0,46 o valor do diesel, com corte em tributos como a Cide e o PIS/Cofins. Foi garantido também o congelamento do preço do combustível por 60 dias. Depois disso, o reajuste será mensal, de 30 em 30 dias.