Com acervos constituídos por tabletes de argila, depois por vegetais e animais, seguidos estes por rolos de papiros e pergaminhos, foi que surgiram as primeiras bibliotecas no mundo. Nessa época, sem caráter público, nem de preservação e difusão, seus acervos, reunidos em grande número, e sob uma arquitetura que dificultava a saída dos mesmos, eram mais destruídos que preservados, sendo, segundo especialistas, difícil determinar a quantidade de obras que se perderam em incêndios e catástrofes por estarem reunidas em grandes quantidades. Contexto, este, em que a maior parte das que sobreviveram assim o conseguiram por pertencer a pequenas coleções particulares. Acreditando que seja a biblioteca de Ebla, na Mesopotâmia, o mais antigo acervo de que se tem notícia, historiadores relatam ser a mesma formada por placas de argila escritas em caracteres cuneiformes datados de 2500 anos antes de Cristo. Já a biblioteca de Nínive, bem como, a de Pérgamo, as gregas, as romanas e, principalmente, a Biblioteca de Alexandria, encontram-se dentre as mais importantes Bibliotecas da Antiguidade. Esta última, por exemplo, sendo mencionada pelos mesmos como tendo de 40 a 60 mil manuscritos em rolos de papiro, chegando a possuir 700 mil volumes, perdidos nos três grandes incêndios de que foi vítima.
A biblioteca de Nínive, também na Mesopotâmia, pertencente ao Rei Assurbanipal II, deste recebeu atenção e muitos recursos. Com seu acervo documentado em blocos de argila cozida, escritos em caracteres cuneiformes, a mesma tinha suas placas, segundo relatos, classificadas por assuntos e identificadas por marcas que determinavam sua localização dentro da coleção. Esta característica, aliada a uma espécie de catálogo onde se registravam a grande diversidade de seus assuntos, permitindo que pudesse ser considerada como a primeira coleção indexada e catalogada da história. Descoberta por Sir Henry Layard, em 1845, muitos de seus fragmentos se encontram atualmente no Museu Britânico. Outras de muita importância, também? As bibliotecas existentes , na época, em templos e palácios da Babilônia, dentre as quais podemos citar as de Assur, Koloch e Nippur. Todavia, tal qual a de Nínive, todas sucumbiram. Ainda na Antiguidade, e localizada na Ásia Menor, outra grande biblioteca foi a Biblioteca de Pérgamo. Esta, integrando o projeto real de converter Pérgamo em um centro crítico e literário de toda a Ásia Menor, desfrutava de grande reputação e, contando com um acervo de duzentos mil volumes, reunia um numeroso grupo de eruditos e literatos, encarregados da realização de estudos linguísticos e literários que, na visão de especialistas, tinha o propósito de competir com a Biblioteca de Alexandria. Sua grande significação histórica? Ser a responsável pela invenção do pergaminho (Charta Pergamenum), que, reciclável e resistente, viria a ser o suporte preferido para a escrita durante os mil anos seguintes. Entretanto, conta-nos a história que, devido ao saque feito por Marco Antônio, em 40 a.C, esta biblioteca desapareceu.
Na Grécia, a primeira biblioteca foi criada por Pisístrato, tendo o caráter de biblioteca pública e que objetivava reunir em um mesmo lugar obras dos autores mais famosos, tais como Homero e outros rapsodos famosos. Entretanto, segundo especialistas, o caráter oral da literatura grega fez com que a maior parte das bibliotecas se limitasse a particulares, destacam-se as de Eurípedes (poeta trágico grego), Aristóteles e Teofrasto (ambos filósofos gregos). Em Roma, as bibliotecas se apresentavam em particulares e públicas. Particulares, muitas foram constituídas, inicialmente, por acervos oriundos de saques de guerra. Em outros casos, entretanto, foram formadas por livros copiados por escribas e escravos cultos vindos da Grécia, passando a integrar um dos cômodos de cada casa. Cícero (filósofo e orador), Quinto Aurélio Símaco (escritor e estadista romano), Cosentio (gramático) e vários padres e doutores da Igreja são exemplos de homens que possuíam bibliotecas particulares. Vestígios das mesmas? Somente os da famosa Biblioteca Vila dos Papiros, em Herculano (Roma). Com mais de dois mil papiros, permaneceu durante muitos séculos oculta sob as cinzas da famosa erupção do Vesúvio, já em nossa era. Públicas, foram idealizadas por Júlio César, que as conhecera na Grécia, Ásia Menor e Egito e, após o assassinato deste, edificadas por escritor Asínio Pólio (amigo do poeta Virgílio) e por Públio Terêncio Varrão (poeta latino).
Formadas por dois salões de leitura (um para livros em latim e outro para livros em grego), decorados com estátua de poetas e oradores dos dois idiomas, traziam os rolos de papiro guardados em estantes de madeira com portas. Depositárias de documentos públicos, também os emprestavam para leitura a domicílio. Localizadas no interior de templos, ou em anexo a eles, eram administradas por sacerdotes. Ulpiana, a maior delas, foi fundada pelo imperador Trajano, homem dado a guerras, que surpreende historiadores por ter sido foi capaz de se preocupar com a cultura e com o conhecimento. O destino das bibliotecas romanas? Sucessivos incêndios e caos político resultaram em sua destruição. E, tal como as demais, ao desaparecerem, deixaram atrás de si um quebra-cabeça que as futuras gerações tentaram, e ainda tentam, remontar.