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‘Han Solo’ leva muita ação a Cannes

EFE/SEBASTIEN NOGIER
Por Luiz Carlos Merten

Alice Rohrwacher foi uma das 82 mulheres que fizeram a montée des marches simbólica do fim de semana. Em toda a história de 71 edições do Festival de Cannes, tal é o número dos filmes dirigidos por mulheres que participaram da competição, contra 1.500 homens. Alice, que este ano participa da competição com Lazzaro Felice, brinca com o repórter: “Já concorri duas vezes, isso significa que são só mais 80 diretoras”. Ela concorreu e venceu com As Maravilhas, e a expectativa é de que repita a dose com Lázaro Feliz.

O festival encaminha-se para os finalmentes. Lars von Trier, finalmente readmitido após ser considerado persona non grata há sete anos, mostrou na terça, 15, fora de concurso, The House That Jack Built. Como o cineasta e seu elenco (Matt Dillon, Bruno Ganz) conversam nesta quarta, 16, com o repórter, é bom deixar o texto para amanhã. O filme conta a história de um serial killer por meio de cinco episódios, chamados de “incidentes”. Jack/Dillon mata preferencialmente mulheres. As feministas estão loucas. Se Lars foi afastado de Cannes sob a suspeita de ser nazista – disse, na coletiva de Melancolia, que entendia Hitler -, a questão agora é o machismo. “As mulheres são todas irritantes, pouco inteligentes”, um jornalista, cinicamente, comentava na saída. “Isso não é assassinato, é eutanásia.”

Assim como havia expectativa pelo Lars von Trier, havia também pela nova história de Han Solo – Uma História Star Wars. Em diferentes momentos de sua carreira, Ron Howard já veio lançar filmes aqui na grande plataforma de Cannes. Em 1992, no primeiro ano em que o repórter veio à Croisette, foi Um Sonho Distante, com o então casal Tom Cruise e Nicole Kidman. Em 2006, O Código Da Vinci, adaptado do best-seller de Dan Brown, com Tom Hanks como Robert Langdon e Audrey Tautou. Os críticos reclamam, mas Howard é um grande realizador que, eventualmente, consegue ser um grande autor – seus filmes com Chris Hemsworth são excepcionais, Rush – No Limite da Emoção e No Coração do Mar, e na estrutura são fordianos, bebendo na fonte de um clássico do mestre – O Homem Que Matou o Facínora.

Han Solo é o que se chama spin off da série Star Wars. Não faz avançar a história da saga, mas esclarece seus personagens, mostrando o início da ligação do lendário Han Solo com o felpudo Chewbacca. Alden Ehrenreich é quem faz o herói quando jovem – só para lembrar, foi o ator de Ave, César, a incursão dos irmãos Coen pelos bastidores de Hollywood. Forma dupla com Emilia Clarke. Solo destaca-se como uma aventura que não busca necessariamente ser épica. E, por abordar a juventude do herói, também não carrega na mitologia, que está nascendo. O bom é que se trata de uma história de amor e amizade, na qual a traição termina jogando um papel decisivo. Em entrevista à TV do festival, repetida a toda hora, Howard diz que é muito provável que Solo tenha sequências. A trama romântica é anterior ao encontro de Solo com a princesa Leia (em Star Wars Episódio 4).

O festival, que termina no sábado, 19, prossegue com altos e baixos. Já que este ano não tem nenhum filme de Xavier Dolan, Cannes está lançando um novo geniozinho. Aos 26 anos, o cineasta de Flandres, Lukas Dhont, está fazendo sensação em Un Certain Regard com um primeiro filme chamado Girl, sobre uma garota nascida num corpo de homem que enfrenta obstáculos para realizar o sonho de ser bailarina. Duas das mulheres que participam da competição já apresentaram seus longas. A italiana Alice Rohrwacher volta ao universo fantástico de As Maravilhas, mas agora com uma pegada mais social na abordagem da vida na cidade (na segunda parte de seu filme). Alice pode até ser premiada de novo por esse retrato de um inocente em choque com o mundo. O caso da francesa Eva Husson é mais complicado.

Eva fez um filme perfeitamente engajado no movimento das mulheres, Les Filles du Soleil (As Filhas do Sol). Uma brigada de combatentes, todas femininas, que enfrenta o jihadismo curdo. Golshifteh Farahani, bela como ela só, faz uma mãe que lidera o grupo. Busca o filho que foi sequestrado para viver homem-bomba. Emmanuelle Bercot faz a jornalista que expressa a consciência política da diretora por meio de frases feitas. O filme é bem interpretado, tem boas cenas de ação, mas também decepciona pelo excesso de clichês. Nesta quarta tem filme brasileiro – Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos, de João Salaviza e Renée Nader Messora, em Un Certain Regard.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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