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Os desafios de estudar ansiedade (7)

Uma abordagem muito influente no estudo da ansiedade envolve a concepção de que os pro­cessos motivacionais influenciam a execução das respostas aprendidas. Disso decorre que os com­portamentos condicionados são mais prováveis de serem desempenhados se os mesmos atingem uma necessidade motivacional imediata. Um exemplo? Uma pessoa pode ter aprendido que, inse­rindo uma moeda numa máquina de venda de coca-cola, a máquina libera o refri­gerante. Mas, se a pessoa não estiver sedenta, ela não será compulsão para realizar tal comportamento. Assim considerando, a teoria conhecida como Teoria Motiva­cional inicia ponderando que o Impulso se refere a vários estados de necessidade de um indivíduo, os quais se combinam para determinar o nível de motivação total num momento particular. Impulso, aqui, entendido como um elemento energizan­te global, resultante dos estados motivacionais dentro da pessoa.

Outro conceito relevante é a Força do Hábito, definida como a força da ten­dência para fazer uma resposta particular a um estímulo específico, baseado no condicionamento prévio, isto é, a freqüência do reforçamento passado de uma res­posta particular. Voltando à resposta, o Potencial Excitatório é definido como a probabilidade estatística de que uma resposta particular, ou conjunto de respostas, irão ocorrer. Essencialmente, esta abordagem motivacional supõe que a Força da Resposta é igual a Motivação multiplicado pela Força do Condicionamento da Res­posta (Força da Resposta = Motivação X Força do Condicionamento da Resposta). Mais exatamente, podemos escrever que o Potencial Excitatório é igual Impulso multiplicado pela Força do Hábito (Potencial Excitatório = Impulso X Força do Hábito). Desse modo, uma pessoa se sentirá mais provável de inserir uma moeda na máquina de venda se ela está extremamente sedenta ou se já teve sucesso em utilizar as máquinas de venda previamente.

Esta Teoria do Impulso emparelha Ansiedade com a ideia de Impulso, ou seja, Ansiedade sen­do, essencialmente, Motivação. A conseqüência da Ansiedade é, então, uma ampla ativação das respostas, incluindo aquelas que não são diretamente relevantes para a tarefa em questão. A Teoria do Impulso vê a pessoa ansiosa como estando num tipo de estado hiperativo, difundindo respos­tas de vários graus de relevância para a situação corrente, incluindo respostas verbais. Tal teoria, portanto, levanta uma resposta testável. Entendendo que Ansiedade prejudica o desempenho em situações onde há competição de resposta, isto é, várias respostas incorretas estão disponíveis, podendo competir com a seleção da resposta correta. Indivíduos ansiosos seriam especialmente pré-dispostos a capturarem as respostas incorretas quando há alta competição de resposta.

Outro componente importante derivado dessa mesma teoria é que motivação excessiva é particularmente lesiva para tarefas difíceis, pois da perspectiva da Teoria do Impulso, estas podem ser as que ativam múltiplas respostas competitivas. Segue­-se, portanto, que indivíduos ansiosos seriam pré-dispostos a alta motivação ou esti­mulação, desempenhando pessimamente dentro de um conjunto de tarefas difíceis. Inversamente, em tarefas fáceis, Ansiedade pode realmente ser uma vantagem, pois a resposta dominante e única é fortemente energizada. Novamente, há evidências de que, sob tarefas difíceis, pessoas ansiosas desempenham num nível mais baixo quando comparadas com pessoas menos ansiosas.

A Teoria Motivacional esclarece claramente o lado motivacional da ansiedade, permitindo, certamente, aos estados de ansiedade acrescentarem urgência ao com­portamento. Todavia, fica claro que a moderna Teoria Motivacional separa tipica­mente motivações negativas de motivações positivas para o desempenho do com­portamento. Nesse caso retendo, porém, a ideia de um sistema dedicado a regular o impacto dos estímulos aversivos ou punitivos no comportamento. Ansiedade não é relacionada diretamente ao impulso, mas, sim, à motivação para fugir ou evitar um estímulo desencadeador de Ansiedade.

Portanto, tal teoria prediz a vulnerabilidade das pessoas ansiosas para cometerem erros quan­do desempenhando tarefas difíceis, situações, estas, que podem predizer efeitos comportamentais sobre a ansiedade.

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