Tribuna Ribeirão
Política

Tribunal mantém Dárcy Vera presa

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) negou o 12º pedi­do de liberdade impetrado pela defesa de Dárcy Vera (sem par­tido), presa em Tremembé des­de 19 de maio do ano passado acusada de corrupção passiva, organização criminosa e pecula­to – quando alguém tira proveito do cargo público que exerce em benefício próprio ou de terceiros. A advogada Maria Cláudia Sei­xas alega que a ex-prefeita é ino­cente, não foi condenada e que a prisão preventiva vai completar um ano daqui a 15 dias, um pra­zo considerado extenso.

Dárcy Vera já teve outros onze recursos negados pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Ribei­rão Preto, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira – responsável pelas ações penais da Operação Sevandija –, pelo próprio TJ/SP, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e até pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ex-prefeita tam­bém já foi condenada a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelo desvio de R$ 2,2 milhões provenientes do Ministério do Tu­rismo (MTur) para realização de uma das etapas da Stock Car, em 2010, primeiro ano da competição na cidade e que levou cerca de 45 mil pessoas à Zona Sul.

A sentença foi emitida pelo juiz Eduardo José da Fonseca Costa, da 7ª Vara Federal de Ribeirão Preto. A mulher que governou a cidade por dois mandatos (2009-2012 e 2013-2016) e bateu recordes de vo­tos nega a prática de atos ilícitos e diz que vai provar inocência. Nesta ação, o magistrado também pede que a ex-prefeita devolva os R$ 2,2 milhões aos cofres públicos. A de­fesa de Dárcy Vera já entrou com vários habeas corpus – com pedi­dos de liminares –, todos negados.

Em 4 de abril, os promotores do Grupo e Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) entregaram ao juiz Silva Ferreira o relatório final da investi­gação que envolve a suposta frau­de no pagamento de honorários advocatícios de uma ação ganha pelos servidores referente às per­das econômicas do Plano Collor (década de 1990), a única em que Dárcy Vera é ré – ela está presa desde que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassou a liminar que a mantinha em liberdade.

Além dela, outras cinco pes­soas são rés nesta ação penal. Os promotores defendem a conde­nação da ex-chefe do Executivo e pedem pena máxima para ela. Se for condenada, pode chegar a 30 anos. O relatório tem 193 páginas. A expectativa é que a sentença seja anunciada ainda neste semestre. Os demais réus respondem por associação criminosa, corrupção ativa e passiva e peculato.

No relatório de acusação, o Gaeco anexou atas de assembleias que teriam sido adulteradas para elevar o percentual dos honorários pagos à ex-advogada do Sindica­to dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP), Maria Zuely Alves Librandi, e rascunho da contabilidade do caso encon­trado no escritório de outro ex-ad­vogado da entidade, Sandro Rova­ni – os dois também estão presos em Tremembé. Nas anotações aparecem as iniciais “DV” com o valor de R$ 7 milhões à frente. Para o Ministério Público Estadual (MPE), trata-se do montante que a ex-prefeita receberia de propina.

O Gaeco também cita a de­lação premiada de Wagner Ro­drigues, presidente destituído do Sindicato dos Servidores. As decla­rações do ex-sindicalista incrimi­nam Dárcy Vera. Ele confirmou que a ex-prefeita recebeu R$ 7 mi­lhões de propina de Maria Zuely. Outro ponto de destaque no rela­tório são as escutas telefônicas fei­tas pela Polícia Federal com auto­rização judicial que indicam troca de favores entre os acusados com o objetivo de fraudar o processo.

Nesta ação, a ex-prefeita é acu­sada de chefiar um esquema que teria desviado R$ 45 milhões de uma ação que envolve 3,5 mil ser­vidores públicos, de reposição das perdas do Plano Collor (o pro­cesso dos 28,35%, da década de 1990). O MPE diz que a fraude, inicialmente, era estimada em cerca de R$ 130 milhões e pre­via o repasse de R$ 69,9 milhões para Maria Zuely. Afirma que ela não teria direito ao pagamento porque era advogada nomeada pelo sindicato, com salário e to­dos os direitos garantidos.

Ao Gaeco, Rodrigues infor­mou também que a ata de uma assembleia realizada em 20 de março de 2012 foi adulterada por ele e pelo então advogado do sindi­cato, Sandro Rovani. Em votação anterior, os servidores já haviam decidido que não pagariam hono­rários advocatícios. Um parágrafo afirmando que os trabalhadores decidiram pela cessão dos valores devidos foi incluído no documen­to. O assunto sequer foi menciona­do para discussão no documento original, que tratou apenas do rea­juste salarial do funcionalismo.

De acordo com a Promoto­ria, o termo de aditamento pre­via redução dos juros de mora de 6% para 3%, e esse valor seria destinado à Maria Zuely, cerca de R$ 58 milhões. Entretanto, o então secretário de Administra­ção, Marco Antônio dos Santos – outro que está preso em Tre­membé – se utilizou de um jogo de planilhas e elevou o valor para R$ 69,9 milhões. Para o Gaeco, todos os documentos apresen­tados induziram a Justiça a erro e o pagamento dos honorários milionários foi autorizado.

Com isso, a suposta quadrilha manteve os desvios planejados. Afora Wagner Rodrigues, todos os demais réus negam a prática de atos ilícitos e dizem que vão provar inocência. Além dos cita­dos, o também advogado André Soares Hentz é réu nesta ação. Diz que apenas prestou serviços para Maria Zuely e que vai pro­var inocência. Ele e Rodrigues são os únicos que aguradam ao julgamento em liberdade.

Na colaboração ao Ministério Público Estadual, Wagner Ro­drigues disse que, dos R$ 45 mi­lhões obtidos com a fraude, R$ 7 milhões teriam sido destinados à ex-prefeita Dárcy Vera, R$ 2 mi­lhões para o ex-secretário Mar­co Antônio dos Santos e R$ 11,8 milhões seriam divididos entre ele e o ex-advogado do sindicato, Sandro Rovani. O restante fica­ria com Maria Zuely. Todos estão presos, menos o delator. Uma das supostas provas apresentadas pe­los promotores ao juiz é um e-mail enviado pelo advogado André So­ares Hentz a Rovani aconselhando o colega a fraudar a ata da assem­bleia do funcionalismo.

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