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OPERAÇÃO SEVANDIJA – Gaeco pede a prisão de ex-vereadores

Foto: Alfredo Risk

Nesta sexta-feira, 20 de abril, um dia depois de entre­gar à Justiça o relatório da ação penal que investiga a relação entre a Atmosphera Constru­ções e Empreendimentos, do empresário Marcelo Plastino, e a Companhia de Desenvolvi­mento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp), os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organi­zado (Gaeco) anunciaram que a Operação Sevandija terá uma segunda etapa. Eles também pe­diram a prisão preventiva de oito vereadores, um ex-secretário da gestão Dárcy Vera e mais cinco pessoas citadas no processo.

Além disso, os promotores Leonardo Romanelli, Walter Ma­noel Alcausa Lopes e Frederico de Camargo revelaram que a força­-tarefa formada pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Polícia Federal (PF) investigam a participação da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) neste suposto esquema de fraude e corrupção, e não descartam denunciá-la nesta ação penal – por enquanto, é ré apenas no processo dos honorá­rios advocatícios.

Segundo o Gaeco, o valor total desviado dos cofres públicos apu­rado nas três frentes de investiga­ção – Coderp, honorários e a do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) – pas­sou de R$ 203 milhões para R$ 245 milhões. Além dos R$ 105,98 milhões do caso Coderp, o MPE apontou um contrato ilegal de R$ 68 milhões firmado entre o Daerp e o grupo Aegea, dos quais R$ 58 milhões foram pagos. O outro foi de R$ 69 milhões em honorários ao escritório da advogada Maria Zuely Alves Librandi, responsável por defender o Sindicato dos Ser­vidores em uma ação de reposição de perdas salariais, que resultou em um desvio de R$ 45 milhões.

Na quinta-feira (19), os pro­motores entregaram ao juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal, o relatório da ação penal da da Coderp, confor­me o Tribuna noticiou na edição de ontem. Agora, querem que o juiz decrete a prisão preventiva de 14 pessoas para evitar que eles se desfaçam do patrimônio suposta­mente conquistado com o esque­ma de corrupção. Foram citados oito ex-vereadores: Cícero Gomes da Silva (MDB), José Carlos de Oliveira, o Bebé (PSD), Antonio Carlos Capela Novas (PPS), Ge­nivaldo Gomes (PSD), Maurílio Romano (PP), Samuel Zanferdini (PSD), Evaldo Mendonça, o Giló (PTB, genro da ex-prefeita Dárcy Vera) e Saulo Rodrigues (PRB, o Pastor Saulo). Todos negam a prá­tica de crimes.

“A justificativa decorre da pró­pria pretensão a uma decisão con­denatória e também para que não venham a dilapidar ainda mais o patrimônio público desviando di­nheiro que ainda não tenha sido localizado”, afirmou o promotor Walter Manoel Alcausa Lopes. Como o Tribuna já havia anun­ciado, o Gaeco cobra a devolução de R$ 105,98 milhões nesta ação penal. O relatório tem 403 pági­nas. Essas 14 pessoas são investi­gadas por organização criminosa e corrupção passiva. São 21 réus no total – Plastino cometeu o suicídio em novembro de 2016.

O Gaeco e a PF também investigam corrupção ativa, dispensa indevida e fraude em licitações e peculato, além de lavagem de dinheiro. O advo­gado de Cícero Gomes da Silva diz que considera o pedido de prisão precoce e sem fundamen­to. O de Giló considera a medida descabível. A defesa de Genivaldo Gomes não recebeu a intimação e só vai se manifestar no processo. Já o advogado de Bebé também con­sidera o pedido descabido e sem fundamento jurídico.

O advogado de Capela Novas comunicou que respeita o Mi­nistério Público, mas argumenta que a prisão de qualquer pessoa só pode ser decretada com re­ais motivos e que os acusados mantidos em liberdade não se negaram em responder à Justiça. Maurílio Romano, Samuel Zan­ferdini e Saulo Rodrigues não se manifestaram, mas sempre alegaram inocência, assim como os demais citados. Todos dizem que vão provar inocência.

Johnson Corrêa Dias e Simone Cicilini informam por meio dos advogados que ainda avaliam o re­latório do MPE, mas previamente consideram que a acusação está marcada por contradições. A de­fesa de Vanilza da Silva Danieldiz que ela é inocente e vai aguardar a decisão da Justiça. A de Uesley Medeiros discorda do pedido de prisão, uma vez que seu cliente co­laborou com a Justiça e respondeu a todo o processo em liberdade.

O escritório que defende Ma­ria Lúcia Pandolfo, que conquistou por meio de habeas corpus o di­reito de responder em liberdade, comunica que ainda não foi notifi­cado sobre o pedido do Ministério Público. O ex-secretário munici­pal da Educação, Ângelo Inver­nizzi Lopes, deixou a prisão para cuidar da esposa, que está doente. A defesa dele diz que seu cliente já cumpre prisão domiciliar e não concorda com o pedido do Gaeco.

A ação penal da Coderp in­vestiga um esquema que envolve direcionamento de licitações para a Atmosphera, contratação de apadrinhados pela terceirizada em troca de apoio político na Câmara e pagamento de propina a ex-vere­adores. Os advogados dos 21 réus têm 30 dias para apresentar defesa. Depois, o magistrado, que já ou­viu todas as testemunhas no ano passado, poderá emitir sentença. Dentre os 21 réus desta ação, já es­tão presos dois ex-superintenden­tes da Coderp, Marco Antônio dos Santos e Davi Mansur Cury, o ex-secretário da Casa Civil, Layr Luchesi Júnior, o advogado San­dro Rovani, e o ex-presidente da Câmara, Walter Gomes (PTB).

Esta ação penal é considerada a mais complicada da Operação Sevandija por envolver tantos réus – são seis no processo dos hono­rários advocatícios e nove no do Daerp. O Ministério Público tam­bém pede que seja aplicada multa aos investigados. Todos os inves­tigados negam a prática de atos ilícitos ou irregularidades e dizem que vão provar inocência. Com a entrega do relatório pelo Gaeco, a expectativa é que a sentença desta ação penal seja anunciada ainda neste semestre.

Além de cobrar o ressar­cimento, o Gaeco defende a condenação das 21 pessoas in­vestigadas de participarem do esquema, inclusive os nove ex­-vereadores citados por suposta­mente indicarem apadrinhados para trabalhar em vários setores da administração municipal através da terceirizada Atmos­phera. Também são acusados de receber propina para aprovar projetos que teriam beneficiado a empresa de Marcelo Plastino – ele cometeu o suicídio em novembro de 2016, menos de três meses de­pois de a Sevandija ter sido defla­grada, em 1º de setembro.

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