Tribuna Ribeirão
Economia

Renda é de R$ 47 para 5% dos trabalhadores

No ano passado, o Brasil ainda tinha até 5% da popula­ção trabalhadora com rendi­mento médio mensal de apenas R$ 47. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Do­micílios Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Ge­ografia e Estatística (IBGE). O resultado representa ainda uma queda drástica em relação aos R$ 76 recebidos no ano anterior, o equivalente a uma redução de 38,1% ou desconto de R$ 29.

Ao mesmo tempo, houve queda no percentual de domi­cílios beneficiados pelo Progra­ma Bolsa Família, que passou de uma faixa de 14,3% em 2016 para 13,7% em 2017. Apesar da queda, as regiões Norte (25,8%) e Nordeste (28,4%) permaneceram com maiores porcentuais de beneficiários. Os domicílios que recebiam o benefício tinham renda média mensal real per capita de ape­nas R$ 324 no ano passado. Nos lares que não possuíam necessidade do benefício de transferência de renda do go­verno, o rendimento médio por habitante subia a R$ 1.489.

Em 2017, 60,2% da popula­ção brasileira, ou 124,6 milhões de pessoas, tinham algum tipo de rendimento, sendo 41,9% (86,8 milhões de indivíduos) provenientes de todos os tra­balhos e 24,1% (50,0 milhões) originários de outras fontes. Entre os rendimentos de ou­tras fontes, o mais frequente era a aposentadoria ou pen­são, recebido por 14,1% da população com alguma renda, seguido por pensão alimentí­cia, doação ou mesada de não morador (2,4%); aluguel e ar­rendamento (1,9%); e outros rendimentos (7,5%), categoria que inclui seguro-desemprego, programas de transferência de renda (como o Bolsa Família) e poupança, entre outros.

O rendimento médio de todas as fontes foi de R$ 2.112 em 2017. O rendimento médio real efetivo de todos os traba­lhos alcançou R$ 2.237, en­quanto a renda média mensal real apenas de outras fontes foi de R$ 1.382. A renda média ob­tida por aposentadoria ou pen­são foi de R$ 1.750. A riqueza segue concentrada nas mãos de poucos no País. As pessoas que faziam parte do topo da pirâ­mide, aquele 1% da população brasileira com rendimentos mais elevados, recebiam 36,1 vezes mais do que a metade mais pobre da população, que compõe a base da pirâmide.

O rendimento médio men­sal real da metade mais pobre da população brasileira ficou em R$ 754 em 2017, contra uma média de R$ 27.213 re­cebidos pelos mais ricos. A re­gião Nordeste exibiu a maior concentração de riqueza no ano passado, com 1% dos mais ricos recebendo 44,9% mais do que a metade mais pobre. A menor diferença foi registrada no Sul do País, onde a parcela de 1% com renda mais alta ga­nhava 25,0% mais que a metade de renda mais baixa.

A desigualdade aumentou em quatro das cinco grandes regiões do Brasil, na passagem de 2016 para 2017. O Índice de Gini – indicador mede a desi­gualdade de renda – referente ao rendimento médio real do­miciliar per capita manteve-se em 0,549 em 2017. A estabili­dade em comparação ao ano anterior ocorreu por conta de uma queda na região Sudeste, onde o Gini passou de 0,535 em 2016 para 0,529 no ano passa­do. Em todas as demais regiões, porém, houve piora.

Numa escala de 0 a 1, quanto maior o indicador, pior é a distribuição dos ren­dimentos. No Nordeste, o Gini subiu de 0,555 em 2016 para 0,567 em 2017; no Norte, passou de 0,539 para 0,544; no Sul, de 0,473 para 0,477; e no Centro-Oeste, de 0,523 para 0,536. No ano passado, os 10% da população com os menores rendimentos detinham ape­nas 0,7% de toda a massa de renda do País. Já os 10% com maior renda concentravam 43,3% de toda a riqueza, mon­tante superior à massa detida por 80% da população com renda mais baixa.

Na passagem de 2016 para 2017, tanto o rendimento mé­dio quanto a massa de renda diminuíram, embora a virada de ano tenha marcado o fim do período de recessão econô­mica no País. A renda média mensal real per capita foi de R$ 1.271 no ano passado, ante R$ 1.285 em 2016. A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 263,1 bilhões em 2017, após ter alcançado R$ 263,9 bilhões no ano anterior.

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