Tribuna Ribeirão
Economia

Cresce número de devedores

O número de inadimplen­tes em março cresceu 3,13% em relação ao mesmo mês no ano passado pela sexta vez con­secutiva. Chegou ao final do primeiro trimestre com 62,1 milhões de consumidores com contas em atraso. A conclusão é de um levantamento feito em todo o País pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Na contramão deste movimen­to, também em março sobre o mesmo mês em 2017, o volume das dívidas recuou 0,38%.

A aparente contradição, se­gundo explica a economista-che­fe de SPC Brasil, Marcela Kawau­ti, se dá porque o consumidor inadimplente normalmente está negativado por mais de uma dívida nos órgãos de defesa do consumidor. Se ele começa a pa­gar uma das dívidas, seu Cadas­tro de Pessoa Física (CPF) ainda permanece registrado como de­vedor inadimplente. “Como em média, cada consumidor tem duas dívidas em aberto, se ele paga uma conta, a outra ainda fica pendente, o que não retira seu CPF do cadastro de negativa­dos”, reforça.

Quanto ao aumento do nú­mero de devedores, o presidente da CNDL, José Carlos da Costa, conta que além das razões já co­nhecidas, como dificuldades de pagamentos pelo aumento do desemprego e queda da renda, pesa a revogação da legislação em São Paulo que exigia por parte dos empresários o envio de uma carta com Aviso de Recebimento (AR) antes de efetivar o registro do atraso. “Com a revogação da lei, muitas das negativações que estavam represadas entraram na base de dados de forma mais abrupta, contribuindo para um aumento na totalização de nega­tivados”, explica.

O indicador mostra ainda que é na faixa etária entre 30 e 39 anos que se concentra a maior incidên­cia dos negativados pelos órgãos de proteção ao crédito, com 51% das anotações, totalizando, em números absolutos, 17,6 milhões de inadimplentes Marcela afirma que a liderança da faixa etária dos 30 anos se explica pelo fato de, ge­ralmente, nesta idade as pessoas já serem chefes de família e terem um número maior de compro­missos a pagar.

Outro corte da pesquisa mos­tra que com 26,94 milhões de inadimplentes, a Região Sudeste é a que concentra o maior número de pessoas com nomes sujos. Mas é o Norte do País, com 5,54 mi­lhões, que tem o maior número de inadimplentes proporcional­mente à população. Os setores de telecomunicações e bancário são os que mais sofrem com a inadimplência. Em março os atrasos de pagamentos de contas de telefone, TV por assinatura e internet aumentaram 7,76% e os atrasos de pagamentos aos ban­cos cresceram 4,83%.

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