Começar um governo com uma política de enfrentamento com os servidores, não é de bom alvitre. Ano passado por conta da falta de diálogo e intransigências houve a mais longa greve da história do funcionalismo municipal, e pelo visto nada ficou de lição ou de aprendizado.
Quando fazemos algo, e não dá certo, o bom senso manda mudarmos as atitudes, mas o Executivo prefere continuar com a mesma política de confronto esperando um resultado diferente. Num regime democrático o diálogo e o respeito é fundamental, no entanto o governo preferiu o caminho do desrespeito e do aviltamento da entidade sindical para justificar a sua truculência, sem ter a mínima preocupação com os servidores e a população. Não deu outra; mais uma greve!
O direito de greve é um direto inalienável do trabalhador, mas o setor público tem uma especificidade diferente, principalmente a educação e a saúde que atende a população mais pobre que não tem para onde correr. Mesmo sendo cantada em verso e prosa desde a Constituição de 1988, a democratização ainda não desembarcou nas escolas públicas, e por conta disso há um hiato entre os profissionais da educação e suas comunidades, mas esse hiato é proposital, pois interessa ao sistema, e aos governantes de plantão, que deixam a população cada vez mais alienada, e assim podem usar seus sofismas em ano eleitoral.
A estrutura física da rede municipal de educação vem sofrendo um processo de depreciação há tempos, e as gestões antidemocráticas criaram um clima de desconfortos e conflitos entre docentes e gestores. Os problemas estruturais da rede sempre foram jogados para debaixo do tapete, e por conta disso chegamos ao século 21, com escolas sem condições de estarem funcionando; como uma escola de educação infantil de lata, e outra sem a menor condição de funcionamento – ainda teve escola que a diretora foi exonerada por desvios de verbas escolar, e ficou por isso mesmo, e por conta dessa falcatrua a escola ficou ilegalmente sem verbas durante cinco anos, com os pais e professores tendo que se virar para mantê-la. Só agora parece que a questão vai ser resolvida.
Há falta de professores na rede, mas também professores faltantes por diversos motivos – não existe a figura do professor (a) auxiliar, os (as) cuidadores são insuficientes, e o professor substituto acaba assumindo essa função complicando ainda mais esse quadro – não há agentes escolares, que tomariam conta do pátio e do recreio, funções que são exercidas hoje pelos agentes de limpeza, que não são capacitados para a função, e ficam sobrecarregados – já as (os) cozinheiras (os) estão trabalhando no limite, pois o quadro é insuficiente- portanto a reposição salarial não é a principal pauta da Educação.