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CPI vai investigar eutanásias na Cbea

A Câmara de Ribeirão Pre­to atendeu ao pedido feito pelo presidente da Comissão Espe­cial de Estudos que investiga a prática de eutanásia na Coorde­nadoria do Bem-Estar Animal (Cbea) da prefeitura de Ribeirão Preto, Marcos Papa (Rede Sus­tentabilidade), e aprovou – por unanimidade (26 votos) – a transformação da CEE em Co­missão Parlamentar de Inqué­rito (CPI). Segundo o vereador, a gota d’água foi a morte de um cachorro que havia sido resgata­do do córrego da Via Norte no final de semana.

A proposta foi votada em plenário nesta quinta-feira, 5 de abril, conforme determina o Re­gimento Interno (RI). Até o presi­dente do Legislativo, Igor Oliveira (MDB), votou – Fabiano Guima­rães (DEM) estava ausente. Vários ativistas de organizações não­-governamentais (Ongs) proteto­ras de animais acompanharam a sessão do auditório.

Na quarta-feira (4), o Conse­lho Municipal do Bem-Estar Ani­mal (Combea) promoveu reunião com a presença de representan­tes da Associação Vida Animal (AVA), Projeto Pandora e Caõpai­xão, entre outras, além da presen­ça de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do secretário municipal do Meio Ambiente, Otavio Okano.

Ele recebeu em mãos uma série de reivindicações – as mais importantes são a realização de campanhas em massa de castra­ção e de vacinação (incluindo a antitetânica e a vacina V8) e o cumprimento da Lei Feliciano, ou seja, o fim das eutanásias sob a alegação da impossibilidade do devido tratamento médico.

Papa questiona o número de eutanásias divulgado pela Cbea via prefeitura de Ribeirão Preto. Para uma organização não-gover­namental (ONG), a administra­ção informou que foram 40 em 2017. Já para o vereador, a Cbea diz que sacrificou 126 animais – 95 cães e 31 gatos, uma eutanásia a cada três dias. O levantamento foi divulgado em 15 de março, durante a primeira audiência da CEE. No entanto, a própria pre­feitura divulgou à imprensa que foram 187, ou 63 a mais do que os relatórios enviados ao parlamen­tar, uma a cada dois dias.

De 124 laudos veterinários enviados pela Cbea ao Legislativo, em 112 a data de entrada do ani­mal é a mesma da sua eutanásia. No ano passado, ao menos 22 ani­mais foram eutanasiados porque, no diagnóstico, sofreram fraturas, traumas ou múltiplas lesões, prin­cipalmente na coluna. Destes, ape­nas dois não foram sacrificados no mesmo dia de entrada.

A Cbea não possui equipa­mento de raio-X desde outubro de 2017, quando terminou o contrato com uma empresa para a realiza­ção de diagnóstico por imagem, segundo a prefeitura. Com isso, a constatação de fraturas acaba sen­do apenas pela avaliação clínica do veterinário. O cachorro resgatado pelo auxiliar de marcenaria Alex Rocha na sexta-feira, 30 de mar­ço, após cair ferido dentro do ri­beirão Preto, na Via Norte, mor­reu doze horas depois, segundo o veterinário da Coordenadoria de Bem-Estar Animal, Gustavo Cunha Almeida Silva.

De acordo com o órgão mu­nicipal, o animal encontrado com fratura exposta em uma das patas e ferimentos nas outras três, além de feridas em outras partes do cor­po, chegou a ser atendido e medi­cado, mas não resistiu. A suspeita, segundo Silva, é de que ele tenha sofrido uma infecção generalizada – choque séptico. O veterinário diz que ele recebeu a medicação, an­tibiótico terapia, analgesia, banda­gem da fratura, mas estava muito ferido e sujo de deve ter morrido devido à contaminação.

Atualmente, a Cbea tem 110 cães e 20 gatos á espera de adoção. Segundo o sargento do Corpo de Bombeiros, Fabrício Marmo da Silva, os ferimentos apontam que o cão foi atropelado e lançado para o córrego com o impacto. A CEE foi instalada no ano passado de­pois de a coordenadora Carolina Vilela ter revelado, em depoimen­to no Legislativo, que animais poli­traumatizados estavam sendo eu­tanasiados por falta de aparelho de raio-X, necessário para o diagnós­tico de fraturas. Após a declaração, entidades protetoras dos animais passaram ao governo Duarte No­gueira Júnior (PSDB) a saída dela da Coordenadoria de Bem-Estar.

No entanto, Carol Vilela foi mantida no cargo. Papa conse­guiu, então, a aprovação da CEE. A estimativa é que Ribeirão Preto tenha cerca de 100 mil animais er­rantes – cães e gatos. O médico ve­terinário Gustavo Cunha Almeida Silva já divulgou relatório em 13 de dezembro em que defende a lega­lidade da realização de eutanásias em cães errantes (sem donos) que estejam sofrendo. E afirma que nenhum animal é sacrificado sem necessidade. A legislação diz que cães e gatos só podem ser eutana­siados em caso de doença incurá­vel, sofrimento ou se oferecerem risco ao ser humano.

Duarte Nogueira vai discutir causa animal
O vereador Marcos Papa (Rede Sustentabilidade) anunciou na noite desta quinta-feira, 5 de abril, na Câ­mara de Ribeirão Preto, que o pre­feito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) concordou em se reunir com re­presentantes de sete entidades de defesa dos animais para discutir a situação da Coordenadoria do Bem-Estar Animal (CBEA), acusa­da pelos ativistas de realizar eu­tanásias de forma indiscriminada e em desacordo com a Lei Felicia­no (lei estadual nº 12.916/08), que só autoriza o sacrifício em casos de doenças graves ou enfermidades infecto-contagiosas incuráveis que coloquem em risco a saúde de pes­soas ou de outros animais.
Papa contou da tribuna que esteve nesta quinta-feira em São Paulo, com o deputado Feliciano Filho (sem partido), na Assem­bleia Legislativa (Alesp), e o autor da lei nº 12.916 demonstrou pre­ocupação com o que vem acon­tecendo na Cbea. “Ele destacou o risco que está correndo o prefeito Duarte Nogueira, na medida em que ele pode ser responsabiliza­do pelas irregularidades que vem ocorrendo na Coordenadoria de bem-Estar Animal”, diz o vereador.
Segundo Papa, o deputado Feli­ciano Filho, na sua frente, telefonou para o prefeito Duarte Nogueira. “Acertamos que o deputado virá a Ribeirão Preto para participar de uma audiência da Comissão Parla­mentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal e combinei com o prefeito uma reunião com representantes de sete organizações não-governa­mentais que atuam na defesa dos direitos dos animais”, diz o vereador.
Integrantes de entidades de de­fesa da causa animal estiveram na Câmara para apoiar a transforma­ção da CEE em CPI. O embate entre organizações não-governamentais (Ongs) e a prefeitura começou no ano passado, após a coordenadora da Cbea Carolina Vilela compare­cer ao Legislativo e contar que, por causa da inexistência de aparelho de raio-X, amimais que chegavam no local com fraturas eram sacrifi­cados. Apesar de nota sustentando que as eutanásias são realizadas em conformidade com o que estabelece o Conselho Federal de Medicina Ve­terinária, ativistas dos direitos dos animais insistem que elas são ilegais e equivalem a “assassinatos”.

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