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A educação básica pede socorro

O abandono das escolas públicas básicas implementando políticas liberais, com a finalidade de sucatear para depois privatizar é nítido neste momento – contribuindo ainda mais com a cisão social no País. Uma educação básica de qualidade começa com um projeto arquitetônico que preencha todos os requisitos legais de conforto e segurança para o bom funcionamento da unidade escolar – mas a realidade vivida pelas duas redes públicas mostra que estamos caminhando no fio da navalha.

As notícias divulgadas pela mídia nos últimos dias sobre os graves problemas estruturais e funcionais que vem ocorrendo tanto na rede estadual, quanto na rede municipal – vai desnudando os velhos problemas que ao longo do tempo foram jogados para debaixo do tapete, mas o tapete não suportou a quantidade de lixo acumulada – ficou pequeno, e o odor começou a proliferar.

O abandono estrutural das escolas estaduais, também está respingando na rede municipal. A educação infantil é a menina dos olhos dos países que são considerados evoluídos, pois é nesta fase da vida que ocorre o desenvolvimento das estruturas e circuitos cerebrais, bem como a aquisição de capacidades fundamentais que permitirão o aprimoramento de habilidades futuras mais complexas, mas os nossos governantes não querem que sejamos uma nação desenvolvida, e desprezam os cuidados que as nossas crianças necessitam nesta fase da vida.

O “acidente” ocorrido com uma criança de quatro anos em uma escola municipal de educação infantil acendeu o sinal de alerta. A longa ingerência política partidária na rede municipal de educação produziu efeitos nefastos, e estamos colhendo os seus frutos. A rede municipal de educação deveria funcionar como uma rede, respeitando as diretrizes definidas nas leis, que regem a educação brasileira, mas não é isso que acontece.

As indicações políticas dos gestores, que na maioria das vezes ignorava a capacidade e a expertise, para valorizar a subserviência e garantir o voto de cabresto para o coronel da educação, e isso garantia que os problemas das unidades escolares não transporiam os seus muros, pois qualquer denuncia de malversação dos recursos seria abortada no nascedouro.E como sabem manipular a opinião pública – acharam que nunca teriam que responder pelo descaso com que tratam a educação.

A pressão das famílias, e da Defensoria Pública para que todas as crianças sejam atendidas com qualidade na educação infantil pressionou os governantes, que reagiram com os sofismas de sempre. No sistema capitalista é fundamental ter visão para aproveitar as oportunidades, e não perderam tempo. Havia uma escola particular que funcionava numa casa alugada e que foi fechada pela Secretaria Municipal da Educação, pois não atendia os requisitos estruturais para atender os educandos. Pasmem os senhores algum tempo depois a própria Secretaria alugou este imóvel, e sem nenhuma reforma colocou uma unidade apêndice de outra para funcionar neste local, isso foi em 2011, e até hoje continua funcionando precariamente.

No passado recente ouvia-se muito falar nas escolas de lata, que o governo de São Paulo cruelmente impingia para a meninada – pensei que essa crueldade tinha ficado no passado, mas para a minha surpresa existe uma CEI (Centro de Educação Infantil) funcionando nestas condições. A unidade funciona em um prédio construído em aço, e sem isolamento térmico, que inicialmente abrigaria uma base comunitária, mas foi transformada em uma creche. Tudo funciona mal: colocaram ar condicionado, mas não podem ser ligados, pois a capacidade da rede elétrica é insuficiente, há um vazamento de esgoto o tempo todo no entorno da unidade, e o odor na hora do almoço das crianças é insuportável, e essa creche funciona desde 2003.

A rede municipal de educação esta passando por um momento de turbulência, por conta dos desmandos do passado, mas não adianta chorar o leite derramado temos que aproveitar este momento fazer as mudanças necessárias, e construir novos caminhos. Nossas crianças pedem, e merecem isso!

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