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Servidores declaram estado de greve

O funcionalismo público de Ribeirão Preto declarou guerra contra o governo Duarte No­gueira Júnior (PSDB). Na noite desta terça-feira, 27 de março, em assembleia geral na sede do Sin­dicato dos Servidores Municipais (SSM/RP), a categoria aprovou estado de greve. Paralisações se­toriais serão agendadas de acor­do com o cronograma que ainda será elaborado. Nesta quinta-feira (29), haverá um ato na Câmara, durante a sessão, para cobrar o apoio dos vereadores.

A decisão é uma resposta à posição da prefeitura, que vem se negando a negociar a pauta de reivindicações da campanha sala­rial 2018 sob o argumento de que o sindicato não apresentou estudo de impacto financeiro e orçamen­tário, referente ao pedido de rea­juste de 10,8%, e também porque não estaria com a documentação em dia (carta sindical).

“Se eles querem briga, então vai ter briga”, afirma Laerte Car­los Augusto, presidente do SSM/ RP, descontente com o cancela­mento da reunião de negocia­ção que estava prevista para esta quarta-feira (28). A primeira reunião, realizada na segunda­-feira (26), na sede da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp), terminou sem que a Comissão de Política Salarial apresentasse sequer uma contraproposta ao pedido do sindicato.

Em vez disso, os representan­tes da administração municipal pediram que o sindicato reduzis­se o percentual de reajuste pleitea­do. No entanto, a categoria optou por iniciar mobilização visando a greve geral. Na próxima terça-fei­ra, 3 de abril às 15 horas, haverá um ato de protesto em frente ao Palácio Rio Branco. Às 18 horas, no mesmo local, a categoria deci­dirá, em assembléia, de vai parar por tempo indeterminado.

Caso a greve seja aprovada, terá início na sexta-feira, 6 de abril. Na segunda-feira, os secre­tários municipais Manoel de Jesus Gonçalves (Fazenda), Edsom Ortega (Pla­nejamento e Gestão Pública), Nicanor Lopes (Casa Civil e Go­verno) e Antonio Daas Aboud (adjunto da Casa Civil) sequer ouviram a proposta do sindicato. Alegam que a folha salarial subiu 12,2% entre janeiro de 2017 e o mesmo período deste ano, por isso a administração não tem como conceder os 10,8% pedidos pelos servidores.

De acordo com a Comissão de Política Salarial da prefeitura, o percentual de crescimento da folha de pagamento, de 12,2%, foi consequência do fim do prê­mio-incentivo e das mudanças feitas no Plano de Cargos, Car­reiras e Salários (PCCS) para compensar a perda da gratifica­ção, considerada inconstitucio­nal pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).

“É óbvio que os servidores estão irritados com essa situ­ação, pois estamos no final do mês e apenas uma reunião foi realizada. E para piorar, neste único encontro, o governo apre­sentou apenas desculpas para não conceder o reajuste que é um direito dos trabalhadores”, ressalta Carlos Augusto.

A campanha salarial deste ano foi lançada no dia 1º. A pri­meira discussão, marcada para segunda-feira (26), foi adiada porque, segundo a Comissão de Política Salarial, o sindicato não entregou a documentação solici­tada pela prefeitura. A data-base da categoria é 1º de março, mas tradicionalmente a negociação com o governo começa com dois meses de antecedência.

O principal tópico da lista é o pedido de reajuste de 10,8%, mas a categoria também defende a volta do pagamento no último dia útil do mês trabalho, e não no quinto do subsequente, como acontece desde que Duarte No­gueira assumiu o governo em meio a uma das principais crises financeiras da história da cidade – e no epicentro do maior escânda­lo político de Ribeirão Preto.

O sindicato diz que a pau­ta – aprovada em assembleia geral em 26 de fevereiro – tem 21 itens gerais e mais 140 espe­cíficos de cada secretaria, autar­quia, Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM) e Ser­viço de Assistência à Saúde dos Municipíários (Sassom), totali­zando 161 reivindicações.

No entanto, a prefeitura garante que, além da questão financeira, a lista traz mais 180 tópicos. A parte econômica re­quer reajuste salarial de 10,8% e o mesmo índice de reposição sobre o valor atual do vale-ali­mentação e da cesta básica nu­tricional dos aposentados.

O pedido dos trabalhadores faz referencia à correção da in­flação nos últimos doze meses, de 2,93% medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumi­dor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís­tica (IBGE) – indexador oficial –, mais aumento de 7,87% referente ao crescimento orçamentário na arrecadação.

A campanha salarial de 2018 tem como símbolo a figu­ra de um jacaré. O mote é “Olha que eu viro bicho!”. No ano pas­sado, após a mais longa greve da categoria, que durou 21 dias e terminou em meados de abril, os servidores aceitaram reajuste salarial de 4,69% em duas par­celas – a primeira ficou fixada em 2,35% no mês de março e 2,34% para setembro. Também receberam uma reposição de 4,69% em parcela única retroa­tiva a março no vale-alimenta­ção e na cesta básica nutricional dos aposentados. Nenhum dia foi descontado dos grevistas.

A pauta do ano passado ti­nha 149 itens. O principal era o pedido de reajuste de 13%. Em 2016, em plena crise financeira da prefeitura, o funcionalismo conseguiu aumento de 10,67%. O mesmo índice foi oferecido para o vale-alimentação e também para o auxílio nutricional dos aposen­tados e pensionistas.

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