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95 toneladas de lixo em rodovias da região

Adalberto Luque

De acordo com o artigo 172 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), atirar subs­tâncias ou quaisquer outros objetos nas vias é uma infra­ção média. O condutor pe­nalizado é sujeito à multa no valor de R$ 130,16 e recebe quatro pontos na Carteira Na­cional de Habilitação (CNH).

Muitos motoristas, toda­via, parecem não se incomo­dar com o fato de estarem sujeitos a multa, caso flagra­dos. Pior que isso, não se pre­ocupam sequer com os locais onde trafegam e descartam tudo quanto é lixo, sem a mínima preocupação com o meio ambiente.

Se o problema é grande nas vias públicas das cidades, pode ser ainda pior nas rodo­vias. Afinal, muitos motoris­tas e passageiros fazem via­gens consumindo alimentos, o que acaba sendo um con­vite para o descarte irregular, no caso de quem sequer res­peita uma lei do CTB. Mora­dores de bairros às margens das rodovias também descar­tam seus lixos em áreas pró­ximas e até nos acostamen­tos. Sem se preocupar se isso possa ocasionar surgimento de escorpiões, criadouros do mosquito Aedes aegypti e outros problemas sanitários e de saúde.

Até veículos são descartados nas margens de rodovia

Nas estradas da região de Ribeirão Preto, somente nos três primeiros meses de 2023, as concessionárias Ar­teris ViaPaulista e Ecovias recolheram quase 95 tonela­das de lixo das rodovias que administram. Foram pneus, carros abandonados, emba­lagens, muitas latas e garra­fas de bebidas e até carcaças de animais de grande porte, como cavalo e boi. Não dei­xando de citar os detritos de construção.

De acordo com a Arte­ris ViaPaulista, de janeiro a março foram recolhidas 64,618 toneladas de lixo às margens das rodovias na re­gião, por meio do trabalho de limpeza e conservação realizado pelas equipes da empresa. Uma média de 21,5 toneladas por mês.

Deste total, 370 quilos são de recicláveis que foram encaminhados à reciclagem; 13,254 toneladas de pneus inservíveis (coprocessamento para reaproveitamento inter­no) e o restante é enviado a aterro licenciado.

Ou seja, apenas de janeiro a março de 2023, motoristas jogaram mais de 13 toneladas de pneus às margens das ro­dovias. Justamente na época em que as chuvas são mais in­tensas e o pneu acaba servin­do de criadouro para o mos­quito transmissor da dengue e outras doenças. Para comba­ter isso, o trabalho da conces­sionária é intenso. Mas quem efetua esse descarte irregular parece não estar preocupado com essa questão.

Anel Viário Sul, às margens do Jardim Progresso, ponto mais crítico das rodovias da região

10 toneladas por mês
Segundo a Entrevias, a ou­tra concessionária que atua na região de Ribeirão Preto, nas rodovias por ela administra­das são recolhidas cerca de 10 toneladas de lixo por mês. De acordo com a empresa, parte do lixo coletado é destinado a um aterro sanitário da re­gião. Este volume representa 38 quilos por quilômetro, se considerada toda a extensão que vai de Ribeirão, na SP-322 (Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira), até Bebe­douro, na SP-351 (Rodovia Laureanous Brogna). Neste segmento, o ponto mais crí­tico fica na Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira (SP-322) às margens do Jar­dim Progresso, em Ribeirão, informou a Entrevias.

Para combater essa prá­tica, a concessionária infor­ma que desenvolve ações nas comunidades, com incenti­vo ao descarte adequado do lixo. Em abril, a concessio­nária, em apoio à iniciativa da Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), promoveu o mutirão de combate à den­gue, com uma operação em massa de limpeza nas rodo­vias e conscientização da po­pulação, com mensagens em redes sociais e nos painéis das rodovias.

A Entrevias também dis­ponibiliza, em suas bases de atendimento ao usuário, cestos para que motoristas e passageiros possam dispen­sar lixo orgânico e reciclável. Outra campanha realizada é para recolher lacres de latas de bebidas, com o objetivo de trocá-los por cadeiras de roda doadas a instituições de caridade.

Milton Roberto Persoli, diretor geral da Artesp: necessidade da colaboração dos motoristas e moradores das áreas próximas às rodovias para evitar a presença de lixo na malha viária

Até automóveis são abandonados
Levantamento feito pela Artesp constatou que, no primeiro semestre de 2022, foram abandonados 2.869 veículos na faixa de domínio dos 11,1 mil quilômetros de malha concedida do Estado de São Paulo, seja em meio às áreas verdes sob responsabi­lidade das concessionárias ou mesmo nos acostamentos das rodovias. O número repre­senta um aumento de 11% na comparação com 2021, quan­do ocorreram 2.580 ocorrên­cias no mesmo período.

A Entrevias não registrou ocorrências desse tipo nas rodovias da região neste pe­ríodo. A Arteris ViaPaulista, todavia, constatou em sua malha rodoviária um aumen­to de 17% no número de car­ros abandonados no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021. Nos seis primeiros meses do ano passado, a concessioná­ria atendeu 47 ocorrências de veículos abandonados.

Vários podem ser os motivos que levam o dono de um veículo a abandoná­-lo temporariamente ou até mesmo definitivamente nas rodovias ou em seu entorno. Problemas mecânicos repre­sentam a maioria dos casos de abandono de veículo. Mas há também problemas de do­cumentação ou de veículos envolvidos em crimes como roubo e fuga.

Segundo a Artesp, quan­do o veículo é abandonado em áreas verdes ou trechos de mata (canteiros centrais ou na lateral da pista, por exemplo – áreas fora do acostamento) a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) é acionada para ve­rificação da procedência do automóvel e providenciar as medidas legais cabíveis.

Já nos casos em que o veí­culo é deixado no acostamen­to, como, por exemplo, devi­do a problemas mecânicos, a concessionária entra em con­tato com o proprietário para que ele providencie a retira­da, já que pode comprometer a segurança de quem trafega na rodovia. Caso o automó­vel esteja quebrado, um guin­cho da concessionária fará a remoção para uma base do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU).

No Estado
A Artesp divulgou que, em todo o Estado de São Paulo, a média é de mais de 2,3 mil toneladas de lixo re­colhido por mês. De acordo com a agência reguladora, a coleta do lixo e a destinação dos resíduos jogados na ma­lha sob operação privada é uma das obrigações contra­tuais do Programa de Con­cessão de Rodovias do Esta­do de São Paulo.

Além de encaminhar re­síduos orgânicos para ater­ros sanitários, o programa também conta com diversas iniciativas de material de reciclagem e programas de conscientização dos motoris­tas e passageiros para a corre­ta destinação destes resíduos.

Em 2022, 18 das 20 con­cessionárias paulistas apa­nharam 28,5 mil toneladas de lixo. Duas delas apresen­taram seus balanços expres­sos em volume, e não em peso, acrescentando ao total apresentado pelas outras em­presas mais 3,1 mil metros cúbicos de lixo coletado. Os trechos mais urbanizados são os que apresentam maior quantidade de resíduos des­cartados nas rodovias.

Somente uma das concessionárias recolheu 21,5 toneladas por mês na região

Segurança
Nunca é demais lembrar que, além dos problemas am­bientais gerados pelo descar­te irresponsável do lixo nas rodovias, os próprios moto­ristas podem correr riscos de segurança em suas viagens. A Artesp listou alguns pro­blemas crônicos que podem comprometer a segurança de quem trafega pelas rodovias.

Um dos pontos é que os resíduos podem gerar entu­pimento nos sistemas de dre­nagem, causando alagamento em dias chuvosos. Outro risco é que, com restos de alimen­tos, animais sejam atraídos para as margens da rodovia e possam causar acidentes.

“É importante destacar o trabalho de limpeza reali­zado pelas concessionárias, tanto nas pistas quanto às margens das rodovias, nos canteiros, canaletas e sistema de drenagem. Mas, é preciso salientar a necessidade da colaboração dos motoristas e moradores das áreas próxi­mas às rodovias para evitar a presença de lixo na malha viária”, afirma o diretor geral da Artesp, Milton Roberto Persoli. Além de ajudarem dando a correta destinação ao seu lixo, os usuários po­dem comunicar o descarte irregular nas rodovias.

O desejado é que moto­ristas, passageiros e mora­dores do entorno das rodo­vias respeitem a legislação e tenham uma consciência coletiva, evitando colocar em risco a vida das pessoas que circulam nas estradas evitando o descarte irregular de lixo, o que também pode representar menos riscos de doenças para as próprias co­munidades próximas.

Para muitos motoristas e passageiros, é inevitável con­sumir alimentos e bebidas dentro dos veículos, durante uma estrada. Seria uma for­ma de ganhar tempo evitan­do tantas paradas. Por outro lado, é importante lembrar que o correto é manter os re­síduos e embalagens dos ali­mentos consumidos dentro do carro e só descartá-los em uma parada para abasteci­mento e uso de sanitários nos postos de serviço, ou ainda fazer uma rápida parada nas SAUs, existentes nas rodo­vias concedidas. Lá, além de poder contar com sanitários, será possível ao viajante des­cartar seus resíduos, emba­lagens e recicláveis de forma correta. Ou ainda esperar chegar ao seu destino e jogar o lixo no lixo.

Descarte de lixo em rodovias pode causar problemas, como alagamentos e atrair animais para as margens da pista, causando acidentes

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