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7 de setembro: golpe ou ensaio?

Não sabemos ainda se será um golpe mesmo ou apenas um ensaio. O que sabemos é que o Genocida do Planalto vai estar sozinho. No plano político e institucional, está claro que já se construiu uma união cívica contra ele. O Senado rechaçou o pedido de impeachment contra Moraes. O Supremo arquivou ações contra o inquérito das fakenews. Mas não há dúvida de que os bolsonaristas preparam um ensaio geral do golpe para o dia 7 de setembro. Mesmo que parte da articulação tenha sido desbaratada com a prisão de Roberto Jefferson e com a operação da PF contra o cantor Sérgio Reis, Otoni de Paula, Antônio Galvan, entre outros, o movimento está mantido.

Mas quem são os arruaceiros que se mobilizam? Parte dos caminhonei­ros, militares da reserva, policiais da reserva e da ativa, motoqueiros, setores ruralistas, evangélicos fundamentalistas convocados pelo Malafaia e radicais de extrema-direita em geral. Todos estes esperam um discurso instigador do presidente num contexto em que militares estão nas ruas por causa dos des­files. Pretende-se uma demonstração de força com o objetivo de intimidar o STF, o Congresso, autoridadese sociedade em geral. E também promover uma propaganda do golpe, insinuando o apoio das Forças Armadas.

O golpe é a única lógica de Bolsonaro. Foi o que lhe restou. Quanto mais ele percebe que não vencerá as eleições, mais aprofundará esta lógica. É mes­ma estratégia da extrema-direita internacional orientada por Steve Bannon e Olavo de Carvalho. Ela age para minar as instituições por dentro, quando no poder, e, se não consegue, tenta o golpe. Não foi o que fez Trump após perder as eleições? Todo cálculo e movimento políticos de Bolsonaro se movem nessa direção. O ingresso do Centrão no governo não busca uma aliança programática. Busca apenas impedir o impeachment. O Genocida sabe que, fora da presidência, será imediatamente preso!

Os locautes dos caminhoneiros no Chile, em 1972 e em 1973, foram a antessala do golpe contra Salvador Allende. Aqui, pretende-se mobilizar cami­nhoneiros com bloqueios de estradas para pressionar o Senado a cassar os juízes do STF e, se for o caso, invadir o próprio Supremo. Não se pode considerar como bravatas o que disse Sérgio Reis. Ocorreram reuniões em Brasília com a presença de militares e, inclusive, com a participação do general Augusto Heleno, um golpista declarado. É urgente a convocação deste milico para que forneça as devidas explicações acerca de sua participação nesse movimento.

O comandante de sete batalhões da PM em Sorocaba, CoronelAleksander Lacerda convocou seus subordinados para o golpe. O Bolsonarismo tenta destruir valores da corporação. O coronel destituído por João Doria. Outros governadores estão fazendo o mesmo com os rebeldes dos seus estados. Mas não basta destituição. É cadeia imediata por atos de grave indisciplina. Bolsonaro vem instigando a PM em todos os estados. Só por isso já deveria ter sido afastado. Não acredito que os bolsonaristas vão conseguir criar a confusão que o seu duce deseja, a ponto de lhe dar o pretexto para convocar uma hipotética inter­venção dos militares para conter uma quebra da ordem.

Embora o Genocida não conte com as Forças Armadas, enquanto institui­ção, para sua aventura, o seu movimento não pode ser subestimado, por duas razões. Primeira: ele tem poder de mobilização de grupos extremistas que podem desencadear ações violentas e provocar danos graves às pessoas e às instituições, desmoralizando ainda mais o Brasil no exterior. É só lembrar os acontecimentos no Capitólio. São recentíssimos. Segunda: golpes não se sabe como começam e nem como terminam. Golpes, mesmo que inicialmente possam ter forças relativamente pequenas, podem se tornar vitoriosos se não encontrarem resistência pela frente.

É responsabilidade das lideranças políticas e sociais comandar processos e iniciativas que mobilizem setores importantes da sociedade na defesa da Democracia e do Estado de Direito. Se os bolsonaristas querem fazer do 7 de Setembro um marco do ensaio golpista, os democratas precisam fazer dele um marco da defesa da Democracia e da Liberdade. E, por último, uma coisa precisa ficar bem clara: os que forem para a rua no dia da independência levantando bandeiras golpistas, devem ser tratados como criminosos. E para os criminosos há a força da lei e da própria Democracia.

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