Os brasileiros temem por sua segurança digital, desconfiam das soluções legais apresentadas por seus governos e demonstram, ao mesmo tempo, otimismo e ansiedade em relação ao futuro da inteligência artificial. Esses são alguns insights de uma pesquisa realizada pela Sherlock Communications com quase 3.500 entrevistados na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, incluindo 850 brasileiros. O estudo foi compilado no ebook Cibersegurança: Proteção de Dados e IA na América Latina.
A Sherlock é uma agência de comunicação na América Latina. Com sede em São Paulo, a empresa também está presente em Lima, Bogotá, Santiago, Cidade do México, Buenos Aires, San José, Cidade do Panamá, Cidade da Guatemala e no Rio de Janeiro.
No Brasil, 69% acreditam que seus dispositivos pessoais estão ouvindo suas conversas em segredo. A desconfiança também se estende ao setor privado, com 76% dos entrevistados afirmando que temem que as empresas vendam seus dados pessoais sem permissão, enquanto apenas 32% dos entrevistados disseram acreditar que as leis de proteção de dados efetivamente os protegem.
“Apesar de muitos avanços recentes, os latino-americanos ainda expressam ceticismo com a ideia de que as empresas e os governos estejam fazendo um bom trabalho em protegê-los”, afirma André Duffles Aranega, Consultor de Segurança digital na Sherlock Communications.
Preocupações similares se estendem ao campo da inteligência artificial. 63% dos brasileiros concordaram que o uso da inteligência artificial para armazenamento de informações pode aumentar o risco da fraude de dados. Mesmo assim, a maioria dos entrevistados é otimista, com 70% concordando com a afirmação de que a inteligência artificial trará uma enorme mudança positiva para a vida das pessoas.
Mudança de hábitos
Segundo o levantamento, 43% dos entrevistados disseram estar limitando a quantidade de dados pessoais que compartilham online, 83% afirmam usar senhas fortes e 87% evitam clicar em links em mensagens não solicitadas. “Como no resto do mundo, as preocupações com segurança e privacidade estão mudando rapidamente os hábitos da população”, observa o especialista.
Os usuários também relatam a aplicação de medidas que garantam a própria proteção, com 74% dos entrevistados adotando autenticação em dois fatores e 51% utilizando um e-mail secundário apenas para compras online. No quadro geral, os brasileiros tendem a se sair melhor que o resto da América Latina em boas práticas de proteção de dados.
Um dado curioso, que contradiz a percepção de insegurança comum no Brasil: somente 11% dos brasileiros afirmam que já tiveram seus celulares ou outros dispositivos roubados. Esse é o menor número entre todos os países pesquisados. Em comparação, 23% dos peruanos relatam já terem sido roubados, mais que o dobro dos brasileiros, proporcionalmente.
“Estamos à beira de uma revolução tecnológica”, conclui André Aranega. “Essa era promete um potencial monumental para o crescimento tecnológico, inovação e liderança na construção do futuro. Também apresenta sérios desafios que exigem intervenções e soluções inovadoras, tanto de governos quanto de empresas”.
Principais conclusões da pesquisa
@ 55% não atendem mais chamadas telefônicas de números não identificados, citando o incômodo com telemarketing e golpes
@ 66% dizem ser muito difícil saber se estão falando com um humano ou chatbot ao conversar com empresas
@ 68% temem perder seus empregos para inteligência artificial
@ 67% se dizem preocupados com o uso da IA para criar notícias falsas
@ 68% temem pelo impacto da AI na democracia