Uma notícia-denúncia, divulgada recentemente, me chamou a atenção: 34 milhões de brasileiros, representando cerca de 16% da população, não têm acesso à chamada água potável. Cem milhões de brasileiros, por outro lado, nem sequer têm o esgoto coletado, não podendo assim ter privada em casa e o índice de tratamento de esgoto não chega a 50% onde tem rede de esgoto.
Segundo a notícia, essa denúncia foi entregue, pessoalmente, ao relator especial da Organização das Nações Unidas sobre Saneamento Básico, durante o 8º Fórum Mundial da Água. O Brasil está, assim, em uma situação muito difícil.
Usei a tribuna da Assembleia Legislativa (Alesp), num dia, para falar da violência urbana: no dia seguinte falei do problema da Saúde, questionando o que estamos fazendo, como integrantes da administração pública, na busca de mudarmos essa situação de modo a fazer com que o Brasil, efetivamente, seja visto como um país sério, contradizendo a frase atribuída ao general De Gaulle contestando a seriedade do nosso país.
Nossos governantes, por exemplo, gastaram fortunas construindo estádios de futebol. Em alguns estádios foram feitos enormes investimentos sem que, sequer, tenha público para garantir sua lotação em espetáculos futebolísticos, principalmente em estados do Norte e do Nordeste bem como no distrito federal. Verdadeiras fortunas, no Brasil, são aplicadas em fins secundários enquanto falta dinheiro para a Segurança Pública, Saúde, Educação…
O mais grave: o dinheiro disponível é muito mal aplicado e, ainda, em grande parte desviado para bolsos de espertalhões. Vemos, todos os dias, notícias de negociatas feitas por administradores públicos e não são só políticos. Em áreas da sociedade brasileira, a corrupção tomou conta; a lei maior tornou-se “levar vantagem”, custe o quanto custar.
É triste falar, mas estamos vivendo uma época na qual bilhões de reais que deveriam ir para a Educação, a Saúde, o Saneamento Básico ou a Segurança Pública estão enriquecendo os espertalhões, bandidos com força extraordinária na política e na administração pública.
Necessário se torna reagir. Não podemos continuar assistindo dados como os focalizados sobre saneamento básico mostrando a realidade dos milhões de brasileiros que não dispõem de água tratada, coleta de esgoto e acabam lotando hospitais com as doenças provocadas pela falta desses itens fundamentais.
Faço, assim, um apelo a toda a classe dirigente do nosso País, no setores municipal, estadual e federal: vamos dar prioridade ao realmente é prioritário nas áreas da Saúde e do Saneamento Básico porque, assim, além de salvar vidas ainda vamos mostrar ao mundo que o Brasil pode ser, sim, um país digno de ser levado a sério…