Hoje tem início a 22ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto com o tema “Entre os extremos, as dualidades: a literatura como elo”. Segundo os organizadores as extremidades estão em todos os espaços, mas podem ser ressignificadas.
Justamente nesta semana o livro esteve no centro de uma polêmica causada pela Secretaria de Estado da Educação ao anunciar que a partir de 2024, os estudantes dos ensinos fundamental e médio daquela rede não irão mais receber material didático impresso do Programa Nacional de Livros Didáticos, do Ministério da Educação. A adesão foi feita apenas para obras literárias e obras para a Educação de Jovens e Adultos. A medida polêmica causou questionamentos principalmente dos professores que foram surpreendidos e, além de reclamar por não serem ouvidos, apresentaram uma série de questionamentos.
O tema digitalização do material didático, não é novo e vários países já o enfrentaram, porém eles adotaram processos que integram as obras físicas com as digitais e, além de disponibilizar a tecnologia para todas as escolas e alunos, planejaram a transição e, principalmente, a formação tecnológica dos educadores.
Quanto à efetividade, estudos internacionais mostram que a disponibilização de recursos educacionais digitais (REDs) não significou melhor aprendizagem, inclusive com queda na proficiência leitora dos estudantes com o uso de telas quando comparada à capacidade leitora em livros impressos. O jornal inglês The Guardian publicou um estudo, no ano passado, registrando que leitores utilizando um Kindle recordaram menos detalhes em um romance de mistério do que as pessoas que leram o mesmo livro na versão impressa.
É certo que a chamada Geração Alpha (crianças nascidas desde 2010) vive conectada e rodeada por tecnologia, está familiarizada com as mídias eletrônicas (tablets, kindle, e outros e-readers e aplicativos). Assim, ler um e-book seria semelhante ao uso diário do smartphone, mas não pode ser privada do contato com o papel, suas tintas e texturas.
Para fomentar a polêmica, o defensor do livro impresso e editor da New York Magazine, Adam Sternbergh provoca “Um livro físico é como comer um prato delicioso em um belo restaurante com uma vista fantástica; um e-book é como comer essa mesma refeição em uma embalagem para viagem, no seu colo, em um porão.” De outro lado, defensores do digital falam de acessibilidade em inúmeros acervos, incluindo bibliotecas universitárias e possibilidade de utilização por pessoas com limitações motoras ou baixa visão, com alteração de brilho, cor da tela, tipo e tamanho da fonte. Também a disponibilidade de programas que convertem textos em voz, proporcionando inclusão das pessoas cegas.
Defendo que seria interessante uma análise ampla e participativa contemplando a escuta de professores, alunos e familiares, para então definir os modelos e formas a serem adotados. Mas como a proposta da 22ª FIL é enxergar o livro como elo, vamos destacar os benefícios proporcionados pela leitura seja física ou digital. Como nos ensina Gilberto Gil, autor homenageado deste ano “Tempo de ler é tempo de ser. É tempo de transformar, de amadurecer, de crescer, de conhecer e desconhecer para a compreensão da vida. Ler é beber da fonte da eterna inquietude, é a plenitude do silêncio e a amplidão do olhar”.
Então fica o convite para você investir parte de seu tempo visitando a FIL e tomando contato com uma infinidade de livros e autores. Entre as inúmeras atividades, destaco as permanentes: Exposição Brazilian International Photography Circuito, no Museu da Imagem e do Som (MIS); V Salão Internacional de Arte Fotográfica Analógica da Ordem dos Jornalistas da Região Metropolitana de Ribeirão Preto em parceria com o Grupo Amigos da Fotografia; Exposição ALARP e os Saraus da UEI e da CPERP, respectivamente nos dias 12 e 20 às 14 horas, todas no Centro Cultural Palace.