A FIL – Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, considerada a segunda maior feira do livro a céu aberto do Brasil e uma das maiores da América Latina, terá em 2021 uma edição histórica internacional com o tema “Velhas e Novas Utopias”. Neste ano, por conta da crise sanitária causada pela covid-19, toda a programação será exibida virtualmente através da plataforma oficial da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, entidade organizadora: www. fundacaodolivroeleiturarp.com. O evento acontece de 21 a 29 de agosto, com abertura no dia 20 de agosto.
Como em todos os anos, a Fundação homenageia nomes importantes do cenário cultural. A seletiva lista para a 20ª edição reúne escritores de renome nacional e internacional, uma ilustradora, uma professora e um executivo de destaque. O moçambicano Mia Couto foi o escolhido para ser o autor homenageado e Edgar Morin ganha uma celebração especial – já que nesta edição o evento entra para esfera internacional.
Segundo os organizadores, os autores nacionais continuarão tendo seu lugar e importância nas homenagens em equilíbrio com nomes estrangeiros, como é o caso de Conceição Evaristo, escritora homenageada; Milton Santos, autor educação homenageado; Carlos Roberto Ferriani, autor local homenageado; Semíramis Paterno, autora infantojuvenil homenageada; Elaine Assolini, professora local homenageada e Paulo Roberto Oliveira, que será o patrono da 20ª FIL.
Adriana Silva, curadora da FIL e vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, explica que a entidade sempre trabalhou com a questão do “homenagear é preciso, assim como navegar”, fazendo referência ao grande escritor português Fernando Pessoa. “Mia Couto é um autor que tem brasilidade em sua obra e, ao mesmo tempo, tem uma internacionalidade. Com isso, ele inaugura nosso formato internacional”, completa.
Mia Couto já ganhou vários prêmios literários, entre eles, o Prêmio Neustadt, tido como o “Nobel Americano”. Já escreveu mais de 30 livros entre poesia, contos, crônicas, romances e literatura infantil. O autor homenageado trabalhou como jornalista durante quase 10 anos, tornou-se professor universitário, profissão que hoje concilia com as suas carreiras de escritor e biólogo. Em 1992, publicou o seu primeiro romance, ‘Terra Sonâmbula’, eleito como um dos melhores livros africanos do século XX durante a Feira do Livro de Zimbabwe. Em 1998, ele se tornou o segundo escritor africano a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente. O primeiro foi o senegalês Léopold Sédar Senghor (1906- 2001), eleito em 1966.
Nesta edição de 2021, Mia Couto é o autor destaque do Recortando Palavras, projeto em que estudantes utilizam seus textos como inspiração para a produção de fanzines. No dia 23 de agosto, ele participará, ao vivo, do encontro virtual com alunos envolvidos no projeto, após a exposição dos zines, das 8h30 às 10h. Já no dia 22 de agosto, às 16h30, Mia Couto receberá a homenagem “Visitação ao Impossível”, realizada pelo músico Fernando Anitelli, que, na sequência, seguirá com a mediação da conferência com o autor.
O antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin também ganha uma homenagem especial nesta edição. Morin, que em julho completou 100 anos de idade, é pesquisador emérito do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica, na sigla em francês) de Paris, doutor honoris causa em 17 universidades e um dos últimos grandes intelectuais da época de ouro do pensamento francês do século XX. Formado em Direito, História e Geografia, já realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia e é autor de mais de 60 livros sobre temas que vão do cinema à filosofia, da política à psicologia, e da etnologia à educação. A atividade, em homenagem a Morin, acontecerá no dia 25 de agosto, a partir das 19h, com Daniel Minchoni, intitulada “O Gorila no Zoo”.