Dados divulgados pelo DataSus, órgão da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, revelam que o estado de São Paulo realizou o total de 91,7 mil cirurgias para correções de hérnias da parede abdominal nos últimos dois anos. Em 2021 o sistema contabilizou 31 mil cirurgias e, em 2022, 60 mil, com o dobro de atendimentos.
Segundo os dados, o estado foi o que mais operou pacientes com hérnias abdominais no período analisado, em todo o Brasil, seguido por Minas Gerais (44 mil) e Bahia (39 mil). São Paulo é o estado mais populoso do país, com aproximadamente 46 milhões de habitantes, segundo o mais recente censo demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Sociedade Brasileira de Hérnia (SBH) estima que a doença atinge entre 20% e 25% da população adulta no país. Segundo o presidente da entidade, Marcelo Furtado, as hérnias são fraquezas – aberturas – na musculatura do abdome pelas quais podem passar porções de gordura ou de um órgão, geralmente o intestino.
“Normalmente elas ocorrem em pontos de maior fragilidade como o umbigo, a cicatriz de uma cirurgia anterior, na virilha ou na região epigástrica. Entre os sintomas estão a presença de uma bolinha e dor, principalmente durante as atividades físicas, que tendem a melhorar com o repouso”, explica.
Do total estadual, 10 mil (10%) procedimentos foram feitos em caráter de emergência. “Complicações como o encarceramento e o estrangulamento de uma hérnia abdominal são fatores que podem exigir uma cirurgia imediata, pois existe o risco de o órgão afetado pela hérnia ficar sem abastecimento sanguíneo e necrosar, com perigo de morte ao paciente caso não seja realizado o tratamento adequado”, alerta o especialista.
Para o vice-presidente da SBH, Gustavo Soares, são vários os sintomas que devem ser considerados como sinais de alerta para os pacientes. “Dor intensa, aumento de volume mais acentuado no local da hérnia e sintomas de obstrução do intestino, como vômitos e estufamento abdominal são indicativos para o paciente buscar uma unidade de pronto-atendimento o mais breve possível”, alerta.
O número de cirurgias de urgência impressiona os especialistas e a Sociedade Brasileira de Hérnia acredita que este percentual de emergências atendidas pelos planos de saúde gira em torno de apenas 3%.
“Os casos emergenciais são sempre mais complicados, pois não temos tempo para o preparo adequado com o paciente e realização dos exames, conforme é feito em uma cirurgia eletiva. Além disso, existe o risco ao qual o paciente está submetido em casos de complicações”, ressalta Gustavo.
Cirurgia robótica
Para os pacientes com hérnias abdominais a cirurgia robótica tem como principal vantagem permitir que casos complexos sejam operados de forma minimamente invasiva, o que proporciona ao paciente a redução nos cortes e mais segurança. Essa tecnologia que ainda não está disponível no SUS ou planos de saúde, deve se tornar mais acessível com a liberação de novas plataformas. Hoje só é usada em cirurgias particulares.
A tecnologia oferece mais precisão nos movimentos e ajuda a preservar as estruturas anatômicas e reduzir dor pós-operatória, sangramento e a presença de hematomas. O paciente também é beneficiado com a alta hospitalar precoce e retorno mais rápido às suas atividades cotidianas.
Hoje o Brasil já tem duas plataformas robóticas liberadas para uso em cirurgias, uma delas já tem mais de cem robôs operantes. Em 2021, foram feitas aproximadamente 24 mil cirurgias robóticas no país, de acordo com representantes do setor.