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2020, o ano que não terminará

Faltando poucos dias para o fim de 2020 sabemos que o ano não terminará tão cedo: conviveremos por um tempo com os efeitos da pandemia. Alguns setores de menor interação huma­na, como indústria, agro e construção civil, tiveram impacto limitado da covid-19 e operam até com fala de insumos devido ao aquecimento no consumo.

No setor de viagens e turismo ocorre justamente o contrário: o drama vivido em 2020 estará em 2021, 22, com chances de che­gar a 23. Todos os segmentos foram atingidos, quebrando uma sequência de crescimento e perspectivas animadoras.

Na aviação, por exemplo, entraremos em 2021 a 70% do registrado no início de 20. Os aeroportos regionais do Estado de São Paulo abrirão em janeiro abaixo de 40% da média do ano passado – quando a diminuição do ICMS sobre combustíveis permitiu a criação de 700 novas frequências semanais.

Para os hotéis de lazer ainda faltarão os clientes, em parte in­seguros ou procurando outras opções, como segunda residência ou locação de imóveis para um verão mais isolado. O mercado de cruzeiros marítimos, com R$ 2,2 bilhões de impacto e que ensaiou uma tímida retomada na temporada 19/20, com mais de 600 mil embarques no porto de Santos, já olha para o final do próximo ano, a temporada 21/22.

E as viagens de negócios, base do turismo da capital, projeta a retomada ainda incerta para o segundo trimestre de 21, sabendo que a recuperação do tamanho normal do mercado, quando e se ocorrer, já terá o ano 23 no calendário. O cenário é parecido nos eventos comerciais, fundamentais para o turismo em São Paulo: por um lado nem todos os cancelados em 20 voltarão em 21; por outro, podem faltar datas e as indefinições da covid ainda adiarão decisões.

Nenhum desses índices é mais dramático que o de empregos. Depois de um saldo positivo de 50 mil postos de trabalho em 2019 no Estado, até outubro o turismo registrava 143 mil negativos. A recuperação, em dando tudo certo, se estenderá por 2021, entran­do em 22. Abreviar esse tempo é o esforço a ser feito – como a concessão de R$ 1,2 bilhão do Programa de Crédito Turístico do Estado, feito junto com o bando paulista Desenvolve SP.

Sabemos que a solução é a vacina, ponto de inflexão possível. Enquanto isso, a única alternativa para evitar o agravamento é manter os cuidados: distanciamento, higiene, evitar aglomera­ções e usar máscara. Incluindo nas festas de final de ano e no verão. Não é hora de relaxar e uma celebração mais contida é melhor que contribuir para um novo surto e a necessidade de isolamento mais rígido, como está acontecendo na Europa.

Indústria que tem o otimismo como base, o setor de viagens e turismo busca alternativas possíveis de retorno. Se por um lado o Brasil não receberá os seis milhões de turistas estrangeiros – 2,3 milhões em São Paulo –, por outro, os dez milhões de brasileiros que iriam para o exterior são um mercado a ser conquistado.

Os bons resultados do “turismo de proximidade” mostram que isso já está acontecendo em São Paulo. Segundo uma das platafor­mas líderes na locação de imóveis, Campos do Jordão, São Sebas­tião, Ubatuba, Guarujá e Caraguatatuba foram as que tiveram mais em reservas em agosto, início da flexibilização das viagens.

O Estado tem a vantagem de ser o principal destino brasileiro de viagens e o que mais exporta viajantes. Parte já está sendo absorvida pelos destinos turísticos locais, que este ano estão recebendo mais de R$ 200 milhões do Governo do Estado para obras e melhorias de infraestrutura, o maior valor desde 2015. Olhando para a metade do copo cheiro, essa é uma boa herança de 2020: a solução para a reto­mada do setor e, principalmente, dos empregos, está perto de casa.

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