Um em cada cinco jovens brasileiros vítimas de bullying considerou que a vida não vale a pena e já pensou em suicídio. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ouviu 188 mil jovens na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Para conscientizar a população sobre as causas que podem levar ao suicídio, desde 2015, o Brasil realiza, no mês de setembro, a campanha brasileira de prevenção ao suicídio. O mês foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Este ano, a campanha tem como tema “Se precisar, peça ajuda!”.
De acordo com a mais recente pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) anualmente são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
A maioria dos casos de suicídio estava relacionado às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, poderiam ter sido evitadas se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações técnicas de qualidade.
Gatilho – Apesar de não poder ser considerado como um fator único na decisão de uma pessoa que tira a própria vida, o bullying certamente exerce um papel importante no processo. O suicídio é um problema de saúde pública no mundo todo. Na faixa entre 15 e 29 anos, foi a quarta principal causa de morte, atrás apenas dos acidentes de trânsito, tuberculose e violência. A questão é complexa a atinge pessoas independente de fatores como raça, cor, sexo, classe social.
Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.
“Se considerarmos que o Anuário 2023 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicou que 38% das escolas brasileiras registram casos de bullying, a conclusão é de que o bullying é um problema nacional e fator determinante nos suicídios entre jovens”, avalia a advogada Ana Paula Siqueira, especialista em Bullying e Cyberbullying.
Como evitar o bullying
A Lei Federal 13.185/2015 (Lei do Bullying) estabelece os critérios que definem o bullying e a forma como o problema precisa ser tratado. Segundo a advogada Ana Paula Siqueira, o bullying é a perseguição sistemática, cometida por uma ou mais pessoas contra a vítima, em forma de violência física ou psicológica, com origem no ambiente escolar, clubes ou agremiações.
Ele pode ser feito por meio de ameaça, exclusão e ofensas, geralmente contra a vítima considerada mais frágil, com discriminação por raça, sexo, orientação sexual, ou outra característica.
A Lei estabelece iniciativas que devem ser tomadas para prevenir o bullying, como um plano de ação permanente das escolas, registrado, que inclui o desenvolvimento de uma cultura de paz no ambiente de ensino. “Ela também estabelece normas sobre como os casos identificados devem ser corretamente tratados. Sem todas essas iniciativas, escolas, dirigentes e diretores ficam judicialmente e publicamente expostos, podendo arcar com as consequências tanto de processos quanto de julgamento quanto de mancha em suas reputações e imagens públicas”, completa Ana Paula Siqueira.