Tribuna Ribeirão
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1950, a modernidade abraçou a educação básica pública brasileira 

José Eugenio Kaça *  
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Um povo que não conhece sua história está fadado a repeti-la.” (Edmund Burke). Está frase cunhada no século 18, ainda hoje mostra a sua eficácia. Em todas as eleições municipais o tema mais discutido é a qualidade da educação básica pública, no entanto, o tempo passa as eleições se sucedem, e quase nada muda, ou quase nada. Em 2024, a novidade surgida na política municipal foi a figura do encantador de serpentes, conhecido como coach, que mostra o seu sucesso pessoal e financeiro, e vende suas ideias para quem quiser ter o mesmo sucesso pessoal e financeiro, argumento que encontra um campo fértil junto as pessoas que lutam para sobreviver, mas desiludidas com a política tradicional, são empurram ao encontro das ideias do encantador de serpente. E estas ideias levam o trabalhador a aderir ao modismo do empreendedorismo e ao individualismo, e esse trabalhador vê na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), como um empecilho para seu sucesso financeiro, pois segundo os encantadores de serpentes, o sucesso só depende do esforço pessoal de cada um.  
 
No ranque dos teóricos da educação básica mundial, os brasileiros figuram no topo da lista, no entanto, a pedagogia destas mentes privilegiadas, não conseguem ultrapassar os muros das escolas públicas, com raríssimas exceções. Paulo Freire, Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Darcy Ribeiro e outros, plantaram as sementes de uma educação libertadora que germinou, mas seus frutos foram atacados pela velha pragada segregação social, e seus frutos foram aniquilados antes que pudessem se desenvolver e serem colhidos.  
 
As experiências exitosas proporcionadas por educadores de escolas públicas, que respeitando a lei colocaram em prática o artigo 15º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), que estabelece que os sistemas de ensino garantam as unidades escolares públicas de educação básica graus progressivos de autonomia pedagógica, administrativa e gestão financeira, respeitando as normas gerais do direito financeiro público. No entanto, a falta de vontade política dos governantes, e desconhecimento e a falta de autonomia dos gestores escolares corroboram para que a Lei sancionada em 1996, não tenha sido colocada em prática, permitindo assim que governantes inescrupulosos conduzam a educação básica pública de acordo com os interesses seus e de sua camarilha, agindo como verdadeiros ladravazes. 
 
O Centro Educacional Carneiro Ribeiro, conhecido como Escola Parque, uma idealização de Anísio Teixeira, inaugurada em 1950na cidade de Salvador Bahia, significo um avanço capaz de realmente preparar os educandos para a vida em uma sociedade em constante mudança. Alterar o currículo da educação básica pública, incluindo a educação financeira, e o empreendedorismo, como sendo o sumo da modernidade foi o mote dos encantadores de serpente nas campanhas eleitorais de 2024. Puro desconhecimento da história. A Escola Parque já fazia isso na década de 1950. A educação financeira era aprendida na prática; cada aluno tinha uma conta bancária, com valor depositado e  recebiam um talão de cheque, e aprendiam a controlar o saldo bancário, uma verdadeira construção da cidadania. Mas como era um projeto calçado na autonomia e na solidariedade da pessoa humana, a canalhada tratou de boicotar. 
 
De lá pra cá, a educação básica pública andou de lado, e ficou patinando nas propostas inconsequentes de quem não quer mudar nada, e quando mudam é para segregar ainda mais a população pobre. Para ofuscar a luz pálida que ainda tenta iluminar a educação básica pública, usam e abusam de sofismas inimagináveis. A democracia relativa está cada vez mais fazendo parte do cotidiano, a Constituição cidadã está sendo desmontada aos poucos. Gente que fala o tempo todo em liberdade, mas querem aprisionar a população pobre no desconhecimento.  
 
A militarização das escolas das periferias pobres, para disciplinar e doutrinar as futuras gerações foi o primeiro passo. Controlar os livros didáticos, para que os filhos dos pobres não tenham informações, que mostrem a realidade do País. “As crianças não precisam saber que tem trabalho escravo em pleno século 21, não precisam saber que os alimentos estão envenenados com agrotóxicos, que a agropecuária está destruindo a Amazônia os livros didáticos só podem mostrar que o agro é pop. O ponta pé inicial que pretende privatizar a educação básica pública foi dado, se deixarmos isso acontecer vai ser a pá de cal nos sonhos que tivemos um dia, que através da educação básica pública seriamos uma Nação. 
 

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