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11 de setembro, Dia do Cerrado 

Perci Guzzo *
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“Nem tudo o que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha e as árvores do Cerrado” (Nicolas Behr). Vegetação com características peculiares: árvores com troncos e galhos retorcidos e revestidos por uma camada de cortiça; folhas geralmente grandes e coriáceas.

Sendo o segundo maior bioma do país, o Cerrado ocupa 1/5 do território nacional. Acredita-se que o clima tropical dominante no Brasil Central tenha sido o principal fator responsável pelo surgimento dessa formação savânica riquíssima em biodiversidade. Outros dois fatores – distintos tipos de solos e a ação humana – ajudam a explicar a origem das diferentes fitofisionomias desta ecorregião.

Uma característica marcante do Cerrado é sua capacidade de guardar muita água no subsolo, tendo em vista a complexa e exuberante trama de raízes das árvores e dos arbustos que vão em busca de umidade em um lençol d’água muito profundo. Ao substituir uma verdadeira floresta de cabeça pra baixo por infindáveis monoculturas de soja, milho e cana, que possuem raízes raquíticas em comparação com as plantas nativas, a caixa d’água do país praticamente seca.Com essa prática, nascentes, riachos, cachoeiras e até mesmo rios caudalosos, já começaram a desaparecer.

O Cerrado tem sido desmatado de modo ilegal e principalmente, legal. Sim, os órgãos ambientais estaduais autorizam a supressão do Cerrado, sobretudo para a expansão da agricultura de grãos. Como o Código Florestal obriga a preservação de apenas 20% do território das propriedades como Reserva Legal, os outros 80% podem ser derriçados com correntões, fogo e motoserras.

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O modo de produção de alimentos em grande escala – commodities – no Brasil, precisa mudar ou seremos terra arrasada daqui a 15 anos! É hora de reverter essa situação e preservar as bases naturais do desenvolvimento!

A legislação vigente não protege devidamente os recursos hídricos e nem a biodiversidade do Cerrado. Por isso, precisa ser revista e reformulada em bases científicas. Concomitantemente, os órgãos ambientais devem monitorar melhor o bioma em cada estado e município e reavaliar suas análises e procedimentos para supressão de vegetação.

O Governo Federal atual, em um esforço interministerial, tem implementado as ações do “Plano para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado” (PPCerrado) e tem conseguido reverter, em parte, os altos índices de desmatamento se comparado com 2023.No entanto, a seca severa associada à prática criminosa do fogo em larga escala, esta última um legado do governo anterior que colocou tudo a perder na área ambiental, tem demandado um outro patamar de enfrentamento.

É urgente fazer a opção de migrar para uma agricultura regenerativa. Assim, passaremos a ingerir maior diversidade de alimentos e exportá-los com valor agregado de sustentabilidade, pois a rastreabilidade demonstrará que não destruímos natureza e vidas humanas para produzir.

Angico carobinha fava-de-anta butiá mamão mamão pau-de-tucano tucano ararinha ipê milho milho milho milho café café café barbatimão mangaba pequi pequi pequi abelha abelha milho milho milho baru baru baru jacarandá caviúna vespa borboleta feijão feijão feijão soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja soja pau-terra pau-santo pau-rosa buriti buriti buriti arroz arroz arroz arroz mamão cagaita banana café café café onça vinhático jatobá babaçu sempre-viva chuveirinho araticum tatu abelha lobo guará.

* Ecólogo e Mestre em Geociências. Autor do livro “Na nervura da folha”, lançado em 2023 pelo selo Corixo Edições 

 

 

 

 

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